O governador da província angolana da Huíla, João Marcelino Tchipingui, determinou tolerância zero, a partir de sábado 28 de Julho, aos mototaxistas, vulgo kupapatas, que exercem a actividade à margem da lei.
A medida que vai retirar de circulação os cidadãos com motociclos que fazem o trabalho de táxi sem documentação exigida visa, segundo o governante, repor a legalidade e acabar com a concorrência desleal.
“Os cidadãos que pretendam realizar a actividade de táxi terão que possuir todos os documentos exigidos por lei. Temos que combater a concorrência desleal porque há aqueles que têm documento têm tudo pagam impostos ao estado e outros é assim que são chamados os candongueiros não fazem mas todos ganham dinheiro. Isso é injustiça temos que acabar com isso temos de ter coragem não queremos que depois apareça gente a proteger os prevaricadores”, avisou Tchipingui.
As reações não se fizeram esperar e a Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola (AMOTRANG) encara o anúncio com preocupação e entende que os associados precisam de mais tempo para se organizar, por isso, o seu presidente, Alberto Daniel, antevê problemas.
“Sei que talvez o nosso Governo consultou simplesmente os órgãos de polícia, mas acho que devia consultar primeiro a própria opinião pública depois ouvir um bocado a organização que os representa e ouvir o próprio motoqueiro. Há medidas que às vezes acabam por criar outras dificuldades, outros problemas, e o dia 28 é praticamente daqui a quatro cinco dias e não é possível porque o processo de aquisição da documentação não é de um dia para o outro”, alertou Daniel.
A exercer a actividade de mototaxistas estão centenas de jovens que encontraram ali um meio de sustento das famílias face aos níveis altos de desemprego.
Ouvido pela VOA, o activista cívico Bernardo Peso receia que a medida que pressupõe a presença de polícia na rua venha a beliscar a boa imagem que a corporação tenta resgatar da sociedade.
“Nós já tínhamos uma polícia mal vista mas hoje felizmente isso está a reduzir. Essa atitude de tolerância zero na perspectiva de termos homens armados por todo o canto da cidade vai criar um ambiente negativo que nós não queremos sobretudo num momento em que se fala em governação de proximidade governação de proximidade é saber dialogar. Saber dialogar é que é o governo olhar para este problema e perceber que exige o envolvimento de outros actores”, concluiu Peso.