A polícia da Guiné-Bissau deteve cinco pessoas que se preparavam para receber o presidente da Assembleia do Povo Unido-Partido Social Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) e antigo primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam, à sua chegada ao Aeroporto Internacional OsvalDo Vieira, depois de meses de ausência no exterior.
Nas sua primeiras declarações à entrada da sua casa, depois de ter sido impedido de fazer um comício público, Gomes Nabiam afirmou que o Presidente da República perdeu o norte e que quer instalar um estado de terror contra líderes políticos.
Em conferência de imprensa, o secretário-geral da APU-PDGB, Agostinho da Costa, e o presidente do Partido da Renovação Social (PRS), Fernando Dias, que integra a Aliança Kumba Lanta, formada por aquelas duas organizações, denuciaram as prisões e disseram que a polícia montou um esquema no aeroporto e em várias áreas de Bissau para impedir a recepção de Gomes Nabiam.
"O Governo colocou militares em todas as zonas de acesso ao aeroporto aqui em Bissau. No interior, colocaram militares em Binar, Bula e em Safim para impedir que os nossos militantes pudessem viajar para Bissau", disse Agostinho da Costa.
Ele acrescentou que o Executivo “até colocou militares diante" da residência dele numa "tentativa de intimidação".
O presidente do PRS, por seu lado, afirmou que “não queremos a violência no país, mas também não podemos tolerar abusos”.
“Exigimos a libertação imediata e incondicional dos militantes da Aliança Kumba Lanta'detidos pela polícia", pediu Fernando Dias.
Estado de terror, "Sissoco Embaló acabou"
Entretanto, à entrada da sua residência em Bissau, o presidente do APU-PDGB responsabilizou o Chefe de Estado pela situação na Guiné-Bissau e disse que ele sabe que já perdeu o controlo da situação no país e que todos os partidos estão contra ele.
“(Encontrei) um contingente forte da polícia e da Guarda Nacional no aeroporto, pensei que foram prender-me, e ao vir para a minha casa havia polícia e tropa por todos os lados, não estamos em guerra, somos de paz”, afirmou Nuno Gomes Nabiam.
O antigo primeiro-ministro disse que “quem está a perpetuar a crise se chama Sissoco Embaló, e a menos de 90 dias para as pessoas irem às eleições, com a Aliança Kumba Lanta, junto com o MADEM-G15 e talvez com o PAIGC, ele não tem conidções de ganhar eleições, mas ele quer criar um estado de terror contra lideres de partidos políticos”.
“Não desistimos, vamos lutar pela justiça, liberdade, Sissoco Embaló acabou, nós o apoiamos, mas o que Deus lhe deu acabou... Ele perdeu o norte ao se considerar a nível de Cabral”, concluiu Gomes Nabiam que chefiou o Governo durante três anos sobre a Presidência do atual Chefe de Estado.
Esta situação foi semelhante à que aconteceu a 13 de agosto quando a polícia impediu que militantes do MADEM-G15, o segundo partido mais votado em 2023, recebessem o coordenador da formação política, Braima Camará, no seu regresso a Bissau.
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