O constitucionalista Gilles Cistac foi baleado esta manhã na cidade de Maputo quando saía da pastelaria ABC no Eduardo Mondlane, e morreu no Hospital Central de Maputo.
Cistac foi baleado por quatro indivíduos que se faziam transportar numa viatura que passou pelo café.
Segundo o director clínico, João Fumana, citado pela imprensa local, "as balas apanharam o tórax e a parede abdominal" do académico que viria a morrer durante a intervenção cirúrgica de que foi algo.
Na semana passada, o académico de origem francesa anunciou que ia processar um homem que, através do Facebook e com o pseudónimo Calado Kalashnikov, acusou Chistac de ser um espião francês que obteve a nacionalidade moçambicana de forma fraudulenta.
Cistac, que falou várias vezes com a VOA, era um dos mais proeminentes constitucionalistas e analistas da política moçambicana.
Segundo o Canalmoz, o constitucionalista vinha recebendo ameaças de pessoas que se diziam do partido Frelimo e que o acusavam de ser assessor jurídico da Renamo.
Na semana passada um cidadão que nas redes sociais se identifica como Calado Kalashnikov pôs a circular mensagens no Facebook com teor racista a acusar Gilles Cistac, Fernando Veloso, director do Canal de Moçambique, Fernando Lima e Castel Branco, todos de raça branca, de estarem a patrocinar a subversão no país.
Em resposta, Gilles Cistac apresentou uma queixa à Procuradoria Geral da República, por considerar que estava a ser vítima de intolerância política.
Do grupo de autores do crime, "três eram negros e um era branco e foi este último que efetuou os disparos", disse Orlando Modumane, porta-voz da PRM, em conferência imprensa em Maputo.
EUA pedem investigação exaustiva
Em comunicado de imprensa, os Estados Unidos condenam "veementemente o violento assassinato do Professor Catedrático moçambicano Gilles Cistac perpetrado hoje".
Como Constitucionalista e Professor, diz o comunicado, "ensinou gerações de estudantes de direito, contribuindo desta forma para o desenvolvimento democrático de Moçambique".
"Apelamos ao Governo de Moçambique para que conduza uma investigação exaustiva e transparente e assegure que os responsáveis por este crime hediondo compareçam perante a justiça. Como salientado pelos líderes moçambicanos, é crucial que todos os cidadãos, organizações, partidos e vozes possam exercer plenamente o seu direito constitucional a se expressarem e de se fazerem ouvir à medida que moçambicanos de diversas proveniências se juntam na construção de um futuro são, inclusivo e próspero para todos".