O combate à pandemia, através da ajuda à compra de vacinas e a elaboração de um tratado internacional para permitir enfrentar futuras pandemias, é uma aposta fundamental da Organização dos Estados de África, Caraíbas e Pacífico (OACP).
A garantia é do secretário-geral da organização, Georges Chikoti, que em entrevista à VOA destaca a nova visão e abrangência da OACP, como entidade multilateral, que passará a ter uma acção mais directa nos países membros.
Em tempos de pandemia, o antigo chefe da diplomacia angolana diz que a organização apostou nesse combate, e, no início da luta contra a Covid-19, juntamente com a União Europeia, permitiu mobilizar 214 milhões e 500 mil euros que foram distribuídos a todas as regiões para enfrentar a propagação da doença.
Entretanto, a grande aposta neste momento passa pelo tratato pós-pandemia, segundo Chikoti, em preparação pelo Presidente do Quénia, Uhuru Kennyata, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson e a Organização Mundial da Saúde, com a participação da OACP.
“Vai permitir que os Estados possam criar maiores possibilidades para responder muito rapidamente (…) e também está-se a trabalhar no sentido de angariar cerca de cinco bilhões de euros para ajudar os países”, destaca Georges Chikoti, que apela ao engajamento de todos os governos”.
Questionado sobre outras áreas de intervenção da OACP, ele aponta "a luta pela promoção do ambiente que aparece muito forte em todas as nossas regiões e é uma novidade" no novo acordo da organização.
Georges Chikoti põe enfase também na luta contra a pobreza, nomeadamente em África.
“Os países vão certamente beneficiar-se da possibilidade de se investir em áreas porque a África já atravessa períodos sérios de seca e inundações, o que se quer é que os programas que tenham uma dimensão ambiental sejam privilegiados”, destaca o secretário-geral, para quem a valência segurança vai permitir, por outro lado, ter Estados mais estáveis e que contribuirão para “erradicar a pobreza”.
A OACP surgiu em 1975 para coordenar as actividades da Convenção de Lomé, assinada no mesmo ano, para enfrentar os desafios que aqueles Estados, na maioria subdesenvolvidos e em desenvolvimento, enfrentavam na altura.
A 3 de Dezembro de 2020, a UE e a OACP chegaram a um compromisso político sobre um novo acordo que sucederia ao Acordo de Parceria de Cotonu.
No final das negociações, o acordo "pós-Cotonu" foi rubricado em 15 de Abril de 2021l, que alargou a abrangência da OACP.
O acordo final deve ser rubricado em breve, o que, segundo o secretário-geral, leva a organização a outra dimensão, nomeadamente com a componente das regiões.
Nesta edição de Agenda Africana, o secretário-geral Georges Chikoti fala ainda da nova estrutura da OACP.