O relatório da Comissão de Inquérito Parlamentar do Senado brasileiro sobre o assassinato de jovens brasileiros concluiu que 23.100 jovens negros de 15 a 29 anos são assassinados, ou seja, uma vítima de homicídio a cada 23 minutos.
A taxa de homicídios entre os jovens negros é quase quatro vezes maior em comparação aos jovens brancos.
Ao todo, 80 por cento dessas vítimas são alvos de armas de fogo.
O documento aponta três caminhos para a solução deste problema já considerado uma epidemia nacional: um Plano Nacional de Redução de Homicídios de Jovens, transparência de dados sobre segurança pública e violência e o fim dos autos de resistência, um termo usado pela policia que alega legítima defesa ao matar um suspeito.
De acordo com a ONU e a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2012, o Brasil foi responsável por 10 por cento de todos os homicídios do mundo e possui 21 das 50 cidades com mais assassinatos em todo o planeta.
O senador Lindbergh Farias, do PT, autor do relatório da CPI, reforça a tese de que está em curso no Brasil um genocídio da população negra e acrescenta que essas mortes se relacionam à violência policial, à guerra do tráfico e ao racismo.
“Analisando os dados da violência sobre a perspectiva da desigualdade racial, a violência tem uma vítima preferencial: o jovem negro que reside em favelas e periferias. A segurança pública brasileira segue a lógica da guerra. Autorizada pela sociedade, a polícia executa não só jovens envolvidos com o crime, mas também jovens que não têm nada a ver com ele. Estamos presenciando um verdadeiro genocídio dessa nossa juventude negra. Constatamos que o Estado brasileiro em sua amplitude vem sistematicamente dizimando a nossa população negra e a maioria jovem de origem pobre. Por esse motivo concluímos que o genocídio da população negra é a expressão que melhor se enquadra à realidade atual do Brasil”, denunciou Farias.
O Senado aponta acções para reverter esse cenário e combater o que é considerada por muitos uma cultura da violência, baseada no racismo e no preconceito.
Entre as questões estão a política de combate às drogas, a reforma do sistema de segurança pública, o encarceramento e a redução da maioridade penal.
“A política de guerra às drogas não está resolvendo. Não estamos resolvendo o consumo de drogas no Brasil e estamos matando muita gente. Temos que entrar a fundo neste debate de legalização de algumas drogas porque do jeito que está tem muita gente morrendo. Espero que a gente consiga sensibilizar as autoridades brasileiras para criar um pacto pela redução de homicídios no Brasil. Um pacto que envolva o Governo Federal e os Estados com metas e também a sociedade civil”, concluiu o relator da CPI do Senado sobre o assassinato de jovens brasileiros.