As palavras são do chefe do gabinete de coordenação da ajuda da ONU em Gaza, Georgios Petropoulos. “Morrer com fome e em sofrimento” é um resultado cada vez mais provável para crianças, mães, trabalhadores humanitários e professores, disse Petropoulos, da OCHA, num comunicado partilhado pelas Nações Unidas.
O trabalhador humanitário alerta que "a comida, o abrigo e a segurança tornaram-se escassos" e acusa as autoridades israelitas de impedir os esforços da organização humanitária a operar no terreno, referindo “proibições gerais”.
"O sistema de ajuda foi transformado numa arma", sublinhou. “Quando abordamos estas questões com as autoridades israelitas, elas rejeitam praticamente todas as soluções práticas que apresentamos”, declarou Georgios Petropoulos.
O Norte de Gaza tem estado sob cerco quase há 80 dias, tendo-se transformado num local de operações militares intensificadas, segundo a ONU. “O corredor israelita que divide a faixa foi fortificado de tal forma que já não é realmente um corredor”. O funcionário da OCHA informou que foram recusados 150 pedidos de acesso humanitário desde outubro.
Georgios Petropoulos alertou para a necessidade de um cessar-fogo e de um acesso humanitário "imediato e completo".
“Temos de chegar às pessoas onde quer que elas estejam (...) Temos de provar o impacto desta resposta com base na forma como as pessoas estão a viver e não no número de camiões”, asseverou Petropoulos.
Haaretz acusa as tropas de assassínio indiscriminado de civis em Gaza
Um importante jornal israelita, citando soldados anónimos em serviço na Faixa de Gaza, descreveu os assassinatos indiscriminados de civis palestinianos no Corredor de Netzarim, no território, o que provocou uma firme rejeição por parte dos militares na sexta-feira.
O Haaretz, um diário israelita que tem sido alvo de duras críticas por parte do governo de direita, citou soldados, oficiais de carreira e reservistas que afirmaram que os comandantes receberam uma autoridade sem precedentes para operar na Faixa de Gaza.
Alegaram que os comandantes ordenaram ou permitiram a morte de mulheres, crianças e homens desarmados no Corredor de Netzarim, uma faixa de terra com sete quilómetros de largura que atravessa Gaza, de Israel ao Mediterrâneo, e que foi transformada numa zona militar.
O relatório citava um oficial que recordava um incidente em que um comandante tinha anunciado que 200 militantes tinham sido mortos, quando na realidade “apenas 10 foram confirmados como operacionais conhecidos do Hamas”.
Entretanto, os soldados disseram ao Haaretz que receberam ordens questionáveis para abrir fogo contra “qualquer pessoa que entre” em Netzarim.
“Qualquer pessoa que atravesse a linha é um terrorista - sem excepções, sem civis. Toda a gente é terrorista”, disse um soldado citando o comandante de um batalhão.
Os soldados também descreveram como os comandantes das divisões receberam “poderes alargados” que lhes permitiram bombardear edifícios ou lançar ataques aéreos que anteriormente exigiam a aprovação dos escalões superiores do exército.
As alegações contidas no relatório do Haaretz não puderam ser verificadas de forma independente.
Num comunicado enviado à AFP, os militares rejeitaram as acusações.
“Todas as actividades e operações conduzidas pelas forças (do exército israelita) na Faixa de Gaza, incluindo no Corredor de Netzarim, são levadas a cabo de acordo com procedimentos de combate estruturados, planos e ordens operacionais aprovados pelas mais altas patentes do (exército)”, disse.
c/ AFP
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