A primeira reunião agrícola dos G-20
Com os preços dos produtos alimentares prestes a atingir números recorde, os ministros da Agricultura dos G-20 irão reunir-se, pela primeira vez, já na próxima semana, em Paris.
De acordo com alguns analistas, um dos factores que estarão a pressionar o aumento dos preços dos produtos alimentares será a utilização das colheitas tradicionais para produzir bio-combustíveis, como é o caso do etanol.
O Secretário americano da Agricultura, Tom Vilsack, disse que a indústria americana do etanol tem apenas uma pequena influência na subida de preços do alimentos, embora admitindo que o apoio do governo americano aquele sector possa estar a diminuir.
Vilsack disse, durante um encontro em Washington, não acreditar em tudo o que ouve quanto ao papel do etanol nos preços dos alimentos: “A verdade é que o etanol produzido a partir do milho não merece a reputação de responsável que as pessoas frequentemente lhe querem atribuir”.
Os críticos apontam, no entanto, para o facto de 40 por cento do milho produzido na América – ou da farinha de milho – ser agora usado para produzir bio-combustível. A indústria cresceu rapidamente na última década e muitos analistas afirmam que essa é parte da razão porque os preços da farinha de milho estão mais altos do que estavam há 15 anos atrás.
A analista política do grupo ActionAid, Marie Brill, questiona-se sobre se esses sacrifícios deverão continuar a ser exigidos aos agricultores. O secretário da Agricultura Vilsack acha que não. E reconhece que os bio-fuels desempenharam um papel da última vez que os preços dos produtos alimentares aumentaram drasticamente em 2007 e em 2008, mas considera que a sua influência foi menor do que se pensa – talvez, da ordem dos dez por cento. E acrescentou que os americanos beneficiaram da indústria dos bio-fuels de muitas maneiras, acrescentando que estes combustíveis prometem ser ainda mais benéficos no futuro.
Mas, aqueles que criticam a utilização dos bio-combustíveis referem o facto de o governo fornecer àquele sector cerca de seis mil milhões de dólares de subsídios, numa altura em que este está a prosperar e o orçamento de Estado está deficitário. Marie Brill, da ActionAid defende que esses subsídios deveriam ser cortados. Vilsack não discorda, mas diz que quer ver aquele sector prosperar e defende que, no futuro, gostaria de redireccionar esses fundos para o sector da produção bombas de abastecimento de gás e no fabrico de automóveis que possam utilizar de forma eficaz o etanol.