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Funeral de José Eduardo dos Santos revela profundas divisões entre seus filhos


No meio de tensões políticas por controvérsias em redor dos resultados das eleições, Angola realizou neste domingo, 28, o funeral de Estado do antigo Presidente José Eduardo dos Santos que morreu em Espanha, mas cujo funeral foi atrasado por disputas sobre o local e data do enterro entre o Governo e vários dos seus filhos.

Dirigentes e ministros de diversos países africanos bem com o presidente português Marcelo Rebelo de Sousa e líderes dos principais partidos angolanos participaram nas cerimónias em que uma das filhas do falecido Presidente, Josiane dos Santos, indicou existirem ainda divisões profundas entre os filhos.

"Não deixarei que usem o teu nome em vão, em benefício próprio”, disse Josiane dos Santos, filha da última mulher de José Eduardo dos Santos, Ana Paula dos Santos, que esteve envolvida em Espanha numa batalha judicial contra uma outra filha do antigo presidente, Tchizé dos Santos, que apoiada por outros filhos se opôs sem sucesso em tribunal que o corpo fosse entregue a à viúva que tinha o apoio do Governo.

Tchizé dos Santos exigiu uma autópsia ao corpo do antigo Presidente insinuando que este poderia ter sido assassinado.

Josiane dos Santos, num discurso emocional, agradeceu o apoio do Governo à família na realização das cerimónias oficiais de exéquias fúnebres.

"Em nome da minha família, agradeço a todos os presentes que se juntaram a nós para celebrar a vida do grande homem que perdemos", disse, deixando um "reconhecimento aos membros do Executivo que tornaram possível este dia".

Restos mortais do antigo Presidente José Eduardo dos Santos chegam à Praça da República, em Luanda, para homenagem pública.
Restos mortais do antigo Presidente José Eduardo dos Santos chegam à Praça da República, em Luanda, para homenagem pública.

"Papá, as tuas lutas não foram em vão", disse Tchizé dos Santos, recordando a "música e o desporto", em particular o futebol, como as suas paixões.

"Os teus filhos levarão adiante o teu legado", prometeu.

Tchizé descreve funeral de acto "vergonhoso"

A assinalar a ausência no funeral das filhas mais velhas, Tchizé e Isabel. Esta última enfrenta diversos processos de investigação às suas actividades empresariais em Angola.

Antes e durante as disputas em Espanha sobre o destino a dar ao corpo do antigo Presidente, circularam informações que Tchizé e Isabel dos Santos teriam exigido uma amnistia para participarem em qualquer cerimónia fúnebre em Angola.

Tchizé dos Santos descreveu no Instagram de”vergonhoso” o funeral hoje realizado “porque está a tentar esconder o que muitos dizem ser uma fraude (eleitoral) escandalosa”.

Polícia avisou contra manifestações

A presença de dignatários estrangeiros permitiu às autoridades impedirem quaisquer manifestações conta os resultados eleitorais em que o MPLA obteve 51% dos votos, segundo dados oficiais.

A polícia avisou que manisfetações deveriam ser evitadas “por respeito ao antigo Chefe de Estado”.

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