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Funcionários do FMI em greve


IMF and World Bank’s 2024 annual Spring Meetings in Washington
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Os funcionários do FMI estão hoje, 1 de Maio, em greve. Na base da paralisação estão as actualizações dos salários. Trabalhadores acusam a liderança do FMI de ceder a pressões políticas.

WASHINGTON — Parece um dia normal nas instalações do Fundo Monetário Internacional, FMI, em Washington DC, mas, pela primeira vez em 40 anos, os trabalhadores do Fundo Monetário Internacional, FMI, estão em greve. Os funcionários dizem que os salários não estão ajustados às tabelas do mercado financeiro e acusam a administração de ceder a pressões políticas, nomeadamente dos Estados Unidos.

A Voz da América (VOA) foi informada da paralisação por alguns funcionários do FMI que, anonimamente, por medo de represálias, indicaram que a greve mão foi comunicada aos meios de comunicação, devido a receios internos. O Comité da Associação de Trabalhadores do Fundo Monetário Internacional decidiu avançar com a greve depois da reunião do Conselho Executivo do Fundo onde foi aprovada a actualização salarial.

Trabalhadores do FMI em greve
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De acordo com uma das funcionárias entrevistada pela VOA, “os ajustamentos salariais médios são agora consistentemente inferiores aos de empregos comparáveis no mercado dos EUA”. “Estou hoje em greve para protestar contra o desrespeito e a manipulação das remunerações, estabelecendo regras pelo conselho executivo e pela direcção do FMI nos últimos anos como forma de ceder a pressões políticas”, revela a funcionária do fundo.

Os funcionários dizem que a pressão de manter os salários abaixo das tabelas do mercado financeiro é feita, sobretudo, pelos Estados Unidos, o maior contribuinte cumulativo para o FMI.

A trabalhadora, que não quis revelar o nome, diz que os funcionários do Fundo estão “sobrecarregados de trabalho”, e que a administração “sente que pode fazer o que quiser, sem consequências de perder pessoal”, já que muitos dos trabalhadores encontram-se nos Estados Unidos “com vistos que não permitem que as pessoas procurem emprego noutro lugar e mantenham as suas famílias aqui”.

“Trata-se, portanto, de uma força de trabalho cativa, e a maior farsa é o facto de recomendarmos sistematicamente aos nossos Estados-Membros que sigam regras institucionais claras nos seus próprios países, enquanto a nossa administração opta por ignorar as nossas”, afirma a funcionária do FMI.

O FMI disse não ser possível adiantar o número de trabalhadores em greve.

Numa nota enviada à Voz da América, um porta-voz do FMI diz respeitar o direito dos trabalhadores, acrescentando que num recente inquérito, “90% dos funcionários indicaram que se sentem orgulhosos por estarem associados ao Fundo e cerca de 80% recomendariam o Fundo como um bom local para trabalhar”.

“Como sempre, o FMI continua empenhado em apoiar os direitos dos seus funcionários e continua a colaborar de forma construtiva com eles para garantir que as suas vozes sejam ouvidas”, afirma o porta-voz do FMI no comunicado.

A VOA tentou contactar o Comité da Associação de Trabalhadores do FMI, mas até ao momento não obteve resposta.

A última greve de trabalhadores do Fundo Monetário Internacional ocorreu a 23 de Maio de 1986, em protesto contra a decisão dos seus accionistas do governo de congelar os salários.

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