A Frente Patriótica Unida (FPU) visa a integração, na UNITA, de entidades políticas e da sociedade civil interessadas, de forma individual, "independente da sua filiação partidária”, esclareceu, hoje, à VOA o secretário-geral do principal partido da oposição angolana, Álvaro Chicuamanga.
“Nós optamos por convidar entidades influentes e políticos interessados para fazer uma integração de valores em torno dos símbolos da UNITA”, disse Chicuamanga que confirmou a aceitação do modelo pelos políticos Abel Chivukuvuku, coordenador do projecto Pra Já Servir Angola e do líder do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes.
O dirigente da UNITA precisou que a FPU é “uma estratégia pré-eleitoral "ad-hoc" que visa contornar possíveis entraves da justiça angolana, tal como aconteceu com o projecto Pra Já-Servir Angola.
Para a Frente Patriótica se apresentar como coligação com a sua própria entidade isso significaria que os partidos aderentes “teriam que suspender a sua identidade em benefício da frente o que implica mudança de cores de bandeira, eleger um presidente ao nível do colégio presidencial as forças coligadas e mais”, disse.
“Esse processo levaria muito tempo e o regime político angolano certamente que iria encontrar formas de criar obstáculos a isso”, acrescentou.
Entretanto, o jurista Pedro Capracata considera que a criação da FPU apenas beneficia a UNITA e, num segundo momento, também ao MPLA que, segundo afirmou, “gostariam de ver o Bloco Democrático e o Pra Já Servir Angola, fora da cena política angolana ”.
Capracata chama a atenção, entretanto, para a possibilidade de muitos militantes da UNITA não aceitarem a presença do político Abel Chivukuvuku e de outras figuras políticas “estranhas à organização”na lista dos deputados do maior partido da oposição.
“Alguns militantes da cúpula da UNITA poderão não aceitar Chivukuvuku com receio de lhes tirar o lugar”, afirmou.
Por seu turno, o académico João Lukombo Nzatuzola, considera que a FPU servirá apenas para acomodar as lideranças do BD e do Pra Já Servir Angola.
Lukombo também adverte que “os militantes conservadores” da UNITA não aceitarão a integração de figuras fora das suas hostes por causa dos “estragos” provocados pelo advogado e deputado, David Mendes, que se transformou num dos adversários internos e críticos de Adalberto Costa Júnior.
“Terá de haver uma diplomacia subterrânea muito forte”, defendeu.