O XII congresso da Frelimo terminou na terça-feira, 27, e há quem afirme que o partido, que influencia o Governo de Moçambique, não discutiu os principais problemas do país, enquanto outros consideram que o objectivo nem era esse, mas sim tomar posições relativamente ao sucessor de Filipe Nyusi na Presidência da República.
O professor secundário Calisto Wetela diz que deste congresso "não ouvi nada sobre o elevado custo de vida, terrorismo em Cabo Delgado, corrupção, pobreza e outros problemas que afectam o país, o que ouvi foi que discutimos, profundamente, estes assuntos, mas sem nenhum plano ou propostas concretas de solução".
"O que é que você ouviu sobre a corrupção, desemprego ou terrorismo, para além daquelas declarações do porta-voz da Frelimo de que debatemos exaustivamente a situação política, económica e social do país; se calhar debateram, e as soluções?, interrogou-se o jovem carpinteiro, Virgílio Manuel.
O jurista e analista político Egídio Plácido considera que o XII congresso não tinha como tema central estas questões que afectam os moçambicanos, mas tomar uma posição sobre o candidato da Frelimo às presidenciais de 2024.
Ele refere que "este é que era o ponto principal neste congresso, viu-se claramente que o Partido Frelimo pretendia tornar mais poderosas algumas alas para quando chegar a vez de se decidir sobre quem vai ser o candidato desta formação política às próximas eleições, e isso foi feito".
Plácido avança que o congresso serviu sobretudo para resolver as divisões internas que estavam a acentuar-se na Frelimo.
Por seu turno, o jornalista e analista político Luís Nhachote afirma que o congresso não discutiu os principais problemas do Partido e alerta que que se a Frelimo “continuar a negligenciar a questão da corrupção, os tribunais vão ser insuficientes para julgar os corruptos”.
No encerramento do congresso ontem, o reeleito Filipe Nyusi, com 100 por cento dos votos, destacou a unidade do partido como principal resultado da reunião dos camaradas.
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