Alguns sectores da sociedade civil moçambicana não acreditam que a Frelimo e a Renamo se sintam, realmente, confortáveis com uma comissão eleitoral independente, porque isso significaria entregar à sociedade um órgão fundamental de conquista do poder.
"Uma comissão eleitoral independente seria importante, mas essa é uma proposta difícil de ser posta em prática, e é justo que esse tipo de propostas apareça", afirmou o analista Carlos Mundlovo, da organização Justiça Social.
No seu entender, nenhum partido político vai entregar à sociedade a gestão da Comissão Nacional de Eleições, um órgão fundamental de conquista do poder. "Para mim, a possibilidade dessa comissão aparecer é zero", realçou.
Para o analista Borges Nhamire, do Centro de Integridade Pública (CIP), o facto de a Frelimo e a Renamo, aparentemente, se opuserem a uma comissão eleitoral independente, já está a criar fissuras na Assembleia da República.
Avançou que o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), tendo sido excluido do processo de selecção de membros da sociedade civil para a CNE, abandonou as sessões da Assembleia da República, "e isso criou fissuras no Parlamento".
Por seu turno, o analista João Mosca, do Observatório do Meio Rural, afirmou que tal como a Frelimo, a Renamo também não está interessada num órgão eleitoral independente.
"A Renamo sofre dos mesmos problemas que a Frelimo; os seus objectivos de conquista do poder são iguais aos da Frelimo", disse Mosca.
Entretanto, Raúl Domingos, líder do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), defende que a sociedade civil moçambicana deve lutar para que o país tenha uma comissão eleitoral independente.
Ele avança com a proposta de os membros da Comissão Nacional de Eleições serem seleccionados através de um concurso público.