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Frelimo deve explicar o que aconteceu a Urias Simango e aos presos que desapareceram do campo de M’telela, diz Lutero Simango


Lutero Simango
Lutero Simango

Líder do MDM quer pedido de perdão e cita como exemplo comissão criada pelo presidente angolano para investigar crimes políticos. Revelado pormenor da morte da esposa de Urias Simango

O governo moçambicano da Frelimo tem a responsabilidade de esclarecer a todos os os moçambicanos o que aconteceu aos presos políticos que desapareceram do campo de “reeducação” de M’telela no norte do pais, disse o líder do Movimento Democrático de Moçambique, Lutero Simango cujo pai Urias Simango e mãe Celina também desapareceram e foram presumivelmente mortos em data e local desconhecidos.

Lutero Simango reagia à publicação pela Voz da América de gravações inéditas até agora mantidas no segredo de entrevistas feitas na década de 1970 por jornalistas de orgãos de informação estatais moçambicanos controlados pela Frelimo a Urias Simango e à política moçambicana Joana Simião que também desapareceu.

Washington Fora d’Horas: Lutero Simango reage às gravações secretas de Urias Simango, seu pai
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Simango saudou a decisão do Presidente João Lourenço de Angola de criar uma comissão para investigar todos os casos de crimes políticos e entregar aos familiares das vítimas os restos mortais encontrados.

Contudo, de recordar que a decisão de João Lourenço ficou marcada pela entrega de ossadas falsas aos familiares das vítimas do 27 de maio.

“O que os angolanos fizeram foi de certeza um contributo para maior reconciliação nacional dos angolanos e é por isso que os moçambicanos têm que fazer o mesmo como forma de construirmos uma sociedade reencontrada, dialogante, inclusiva e reconciliada”, disse o dirigente do MDM para quem um governo que “se permeia pela reconciliação nacional...não deve cantar a música da reconciliação nacional, da unidade nacional, sem resolver os problemas” desse tipo.

“Negar fechar esse dossier é alimentar os conflitos para o futuro porque na história conflitos desse género nunca se prescrevem e são crimes políticos”, acrescentou Lutero Simango.

“O meu apelo pessoal como cidadão e filho do casal Urias Simango e Celina e representante de todos aqueles que foram vítimas do sistema mono partidário é que é importante que o governo da Frelimo apareça publicamente a falar sobre esse dossier e a pedir perdão pelo que aconteceu”, acrescentou.

Simango disse que nunca houve nenhuma aproximação directa ou indirecta por parte do governo ou de membros da Frelimo para explicar o que aconteceu aos seus pais, afirmando que um antigo preso de M”telela , Manuel Pereira “que esteve no mesmo campo com a minha mãe... foi a única pessoas que veio e deu alguns detalhes”.

“O que aconteceu é que a minha foi levada de manhã e nunca mais voltou e dias depois começaram a ver a esposa do comandante do campo a usar o vestuário da minha mãe”, afirmou afirmando que a sua mãe terá sido morta já na década de 1980.

Lutero Simango recordou que havia “centenas e centenas” de pessoas no campo de M’telela e que os familiares de outras vítimas também nunca foram informados do que aconteceu.

Referiu-se a antigos presos como Paulo Gumane, Basílio Banda, João Unhay, Adelino Guambe, Casal Ribeiro “e tantos outros”.

Tios de Lutero Simango tinham tentado saber da Frelimo o que aconteceu mas em sucesso.

“Todo o filho merece essa informação e nós como família gostaríamos em circunstâncias apropriadas poder prestar a última homenagem aos nossos pais”, disse.

“Isso não é sé para mim, é para todos aqueles que perderam os seus familiares naqueles campos”, acrescentou.

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