Quadros da Frelimo, partido no poder em Moçambique, reúnem-se a partir deste sábado, 1 de Outubro, na Matola, cidade satélite de Maputo, numa altura em que o debate político nacional é dominado pela tensão militar e a chamada crise da dívida.
Trata-se de um encontro que reúne membros do Comité Central, órgão deliberativo da Frelimo entre congressos e figuras do mundo académico e empresarial, bem como da sociedade civil ligadas ao partido, para discutir de forma aberta os diversos assuntos da vida nacional.
Normalmente, estes encontros servem também para preparar os congressos da Frelimo e, neste caso concreto, o 11º. primeiro previsto para o próximo ano,e que é descrito por militantes como importante.
A agenda do encontro não inclui a tensão militar nem a chamada crise da dívida, mas acredita-se que estes assuntos deverão fazer parte dos temas dominantes da reunião, que será dirigida pelo Presidente da Frelimo e da República, Filipe Nyusi.
Os críticos de Nyusi poderão aproveitar a ocasião para colocar directamente as suas preocupações relativamente à forma como ele tem dirigido o partido e a nação.
Há dias, Graça Machel, viúva de Samora Machel disse que era necessário reinventar o impensável para resolver a questão da tensão militar, no que foi entendido como "uma indirecta à governação de Filipe Nyusi", de que tem sido crítica, tal como tinha acontecido em relação ao magistério de Armando Guebuza.
Teodato Hunguana, constitucionalista e acérrimo crítico do Governo, diz que a Frelimo não conseguiu adaptar-se à nova realidade multipartidária e tem defendido reformas profundas na organização política e do Estado moçambicano.
Em meios politizados este pronunciamento foi visto como um apoio implícito às reivindicações da Renamo sobre a governação das províncias, uma questão bastante sensível no seio da Frelimo.
Em relação às chamadas dívidas escondidas, eles não disseram, com todas as letras que são pela responsabilização, mas deram a entender ser esse o seu desejo.
Para além da Graça Machel e de Teodato Hunguana, que ainda fazem parte do núcleo duro da Frelimo, existem outras figuras históricas da Frelimo, como Jorge Rebelo e José Óscar Monteiro entre outros, que também se têm revelado acérrimos críticos da governação actual, aparentemente à procura de algum protagonismo político.
No tempo de Samora Machel essas figuras ocuparam posições importantes na Frelimo e no Estado.