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Forças de segurança angolanas acusadas de matar três jovens ontem em Cafunfo


Polícia em Cafunfo (Foto de Arquivo)
Polícia em Cafunfo (Foto de Arquivo)

Moradores descrevem terror e dizem aguardam momentos terríveis com chegada hoje de mais tropas

Três pessoas foram mortas na noite de segunda-feira, 9, na vila da Cafunfo, na província angolana da Lunda Norte, alegadamente por forças de segurança.

Residentes no Cafunfo descrevem mortes e terror – 2:21
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Fontes ouvidas pela VOA que pediram o anonimato confirmaram que por volta das 20 horas de ontem elementos das forças de segurança dispararam contra um grupo de jovens se que se encontravam sentados defronte a uma residência.

Um dos entrevistados, diz ter acompanhado o ataque da janela da sua casa, acrescentou que outro dois dos jovens ficaram feridos.

Relatos de moradores dizem que a situação “está terrível” em Cafunfo, “ninguém anda nas ruas” e muitas pessoas fugiram para as matas.

Salvador Freire dos Santos, presidente da Associação Mãos Livres, afirmou que “todos os dias morrem pessoas em Cafunfo”, nas mãos da Polícia Nacional e das Forças Armadas Angolanas.

Um catequista da Igreja Católica que foi raptado ontem na casa dele foi liberto na manhã desta terça-feira, mas a nossa fonte garante que “foi torturado e está a receber tratamento em casa”.

Informações avançadas por fontes da VOA no local indicam que cerca de 50 camiões com militares chegaram a Cafunfo às seis horas de hoje e os moradores dizem esperar “momentos difíceis” nas próximas horas.

Confrontos mortais

Cafunfo foi palco no dia 30 de Janeiro de confrontos entre as forças de segurança e cerca de 300 manifestantes convocados pelo Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwe que pretendiam marchar para pedir diálogo com o Governo sobre a situação na Lunda Norte, uma das mais ricas de Angola, mas com níveis elevadíssimos de miséria.

As autoridades dizem que os manifestantes queriam invadir a esquadra policial e por isso as forças de segurança reagiram, enquanto o Movimento, activistas e moradores desmentem a acusação de invasão e dizem que, logo após o anúncio da marcha, foram detidos mais de uma dezena de activistas e a aldeia foi praticamente "sitiada" pela polícia e pelo exército.

A polícia fala em seis mortes, mas a Amnistia Internacional confirma pelo menos 10 mortes e muitos desaparecidos e fontes independentes admitem pelo menos 27 vítimas mortais.

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