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FMI estima crescimento da economia angolana, mas alerta para derrapagens orçamentais


Dois mil kwanzas, moeda angolana.
Dois mil kwanzas, moeda angolana.

PIB deve ter crescido 3,8 por cento em 2023, mas a inflação continua alta

O Produto Interno Bruto (PIB) de Angola deve ter crescido 3,8 por cento em 2023, devido à recuperação do setor petrolífero, uma melhoria que afetou outros setores.

A conclusão é do Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgada nesta segunda-feira, 24, em Washington, numa nota no qual alerta, no entanto, que “os esforços de consolidação orçamental diminuíram e os amortecedores construídos durante o Programa de Financiamento Ampliado, de 2018 a 2021, estão a ser corroídos por derrapagens orçamentais decorrentes de despesas de capital mais elevadas e de uma reforma mais lenta dos subsídios aos combustíveis".

Apesar desse crescimento, o FMI afirma que a inflação manteve-se elevada, impulsionada pelas pressões cambiais e pelos preços mais elevados dos alimentos e “a moeda desvalorizou-se mais de 10% face ao dólar norte-americano em 2024”.

Na nota, o FMI diz que “que o rácio da dívida pública/PIB diminuiu em 2024, beneficiando-se do maior crescimento nominal do PIB e de excedentes primários sustentados”..

As expetativas adversas do mercado e um elevado serviço da dívida externa continuam a pesar na taxa de câmbio, de acordo com aquela instituição com sede em Washington, que destaca que “a gestão ativa de caixa e dívida do Governo ajudou a mitigar as pressões de liquidez” e o aumento da taxa de política monetária em 150 bps em 2024 pelo Banco Nacional de Angola “simplificou a gestão da liquidez, resultando num melhor alinhamento da taxa interbancária com a taxa de política”.

2025: crescimento e riscos elevados

Para 2025, o FMI diz esperar que a recuperação continue, mas alerta que os riscos continuam elevados.

”Prevê-se que o crescimento se mantenha nos 3% em 2025, enquanto a inflação deverá diminuir com o desaparecimento dos fatores de custo”, estima o FMI, que espera que a resolução dos estrangulamentos de manutenção em blocos de extração importantes e os esforços liderados pelo Governo para incentivar a produção ajudem “a sustentar a produção de petróleo”.

Na contra/mão, aquela instituição financeira internacional chama a atenção para o facto de “o elevado serviço da dívida externa” restringir “as despesas com o desenvolvimento” e a dependência do petróleo continuar “a ser um obstáculo ao crescimento sustentável”.

Por outro lado, o Conselho Diretivo do FMI alerta que o “risco de liquidez pode intensificar-se no caso de as condições de financiamento se deteriorarem, afastando ainda mais as despesas sociais e exercendo pressão sobre a taxa de câmbio”.

Além disso, o comunicado continua dizendo que “com eleições presidenciais agendadas para 2027, um início precoce do ciclo político corre o risco de atrasar a implementação das reformas económicas”

Entretanto, no lado positivo, o FMI admite que “preços mais elevados do petróleo, repercussões positivas de uma maior flexibilização da política monetária global e IDE (Investimento Externo Direto) não petrolíferos mais fortes, incluindo através do desenvolvimento do Corredor do Lobito, podem melhorar as perspetivas a médio prazo” da economia angolana.

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