O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que Cabo Verde é o país lusófono em África que mais rapidamente vai-se recuperar da recessão causada pela pandemia da Covid-19, em 2021, mas todos os demais lusófonos começarão a crescer a partir do próximo ano.
No relatório “Perspectivas Económicas para a África Subsaariana”, divulgado nesta quinta-feira, 22, em Washington, o FMI adverte que Angola não deverá sair da recessão até 2024.
A boa notícia é que todos os lusófonos vão crescer acima na media regional já a partir do próximo ano.
Apesar de ser o lusófono que mais vai ver a sua economia cair este ano, em cerca de 6,8 por cento devido às medidas de confinamento que, por exemplo, levou ao encerramento das fronteiras e parou o turismo, a principal fonte de recursos, Cabo Verde será o primeiro a sair da recessão, já em 2021, com uma expansão económica de 4,5 por cento,
Angola enfrenta uma crise desde 2014, com a queda do preço do barril de petróleo, e o FMI estima que o Produto Interno Bruto (PIB) deve contrair-se pelo quinto ano consecutivo, chegando a 4 por cento este ano.
"Os preços do petróleo mais sustentados e as medidas de políticas de apoio vão ajudar a recuperar a economia a curto prazo, com o crescimento a regressar a território positivo em 2021, com 3,2%", diz o relatório que estima que a inflação chegue a 21 por centro, enquanto a dívida pública deverá atingir os 120,3 por cento.
No próximo ano, as previsões do FMI apontam para uma ligeira redução da inflação para 20.6 por cento e da dívida pública que pode ser mais acentuada, de 120,3 para 107, 5 por cento do PIB.
Ao contrário dos últimos anos, o saldo orçamental de Angola deverá ser negativo este ano, com um desequilíbrio de 2,8%, mas, no próximo ano, deve melhorar para 0,1%.
Na previsão para a África subsaariana, o FMI estima que como um todo não deverá regressar aos níveis de crescimento económico de 2019 antes de 2022, enquanto nas maiores economias, “como África do Sul, Nigéria e Angola, o crescimento não volta aos níveis pré-crise antes de 2023 ou 2024”.
A região lida com uma crise económica e sanitária sem precedentes, que, em apenas alguns, meses pôs em causa os ganhos de desenvolvimento dos últimos anos e perturbou a vida e os rendimentos de milhões de pessoas, de acordo com o relatório.
O FMI diz que "a projecção base assume que, para a maioria dos países, algum distanciamento social vai continuar em 2021 e desvanecer-se a partir do final de 2022, à medida que a cobertura das vacinas se expande e as terapêuticas melhoram".
Embora advirta que os países africanos terão de fazer “escolhas difíceis", como reformas estruturais que promovam a resiliência, o FMI assegura que o potencial de crescimento mantém-se inalterado.
O FMI prevê uma recessão mundial de 4,4% em 2020 e uma recuperação de 5,2% em 2021.