A cidade de Salvador, no Estado da Bahia, no Brasil, acolhe de 8 a 12 de Agosto, a 2ª edição da Festa Literária Internacional do Pelourinho (FLIPELÔ).
O evento, que no seu segundo ano já integra o calendário cultural do país, ocupa 13 espaços do Centro Histórico com uma programação recheada de literatura para todos os gostos e idades, apresentações teatrais, musicais, exposições e gastronomia.
Haverá mais de 50 actividades gratuitas.
Organizada pela Fundação Casa de Jorge Amado, a 2ª FLIPELÔ segue o percurso do seu patrono de unir pessoas através da literatura e laços comuns.
Com a frase de Jorge Amado como tema “a amizade é o sal da vida”, a edição de 2018 homenageia o também escritor baiano, João Ubaldo Ribeiro, grande amigo de Amado.
"Missão de Jorge Amado"
Para Angela Fraga, directora da fundação Casa Jorge Amado, que organiza o evento, “FLIPELÔ pretende festejar o livro e a literatura através de encontros com escritores, e outras formas de arte, sempre no centro histórico do Pelourinho, parte nobre de Salvador, onde a cidade nasceu e cenário da obra de Jorge Amado.
Além de escritores brasileiros, há convidados internacionais, nomeadamente de Angola e de outros países africanos, o que, para Fraga “é uma missão que Jorge Amado nos delegou, de fazer alianças com outras partes do mundo”, quebrando barreiras e eliminando qualquer tipo de discriminação.
“Até pela trajectória de Jorge Amado como pela história da Bahia, e sua relação com África”, diz Angela Fraga, o continente africano tinha de estar presente no evento.
Sérgio Túlio Caldas, escritor brasileiro e que trabalhou em África, nomeadamente em Angola, destaca a importância do FLIPELÔ no calendário literário brasileiro, que “já é uma importante mostra da literatura do Brasil”.
Conhecer África
Nesta sexta-feira, 10, ele participa numa conferência “Com os pés na África”, juntamente com o escritor angolano Gociante Patissa.
“Há um véu ainda e, embora isso esteja a mudar, a gente conhece muito pouco sobre a história e a riqueza de África, e vamos falar sobre a África contemporânea, que tem uma produção excepcional, com um crescimento urbano e moderno muito acentuados”, antecipa Caldas, para quem essa aproximação está a ser cada vez maior.
Além de debates, conversas com jovens, encontros com autores, lançamentos de livros, saraus de poesia, programação infantil, exposições, apresentações teatrais e musicais, FLIPELÔ estreia a Rota Gastronómica Amado Sabores.
Vinte 20 restaurantes do Centro Histórico confeccionarão pratos com receitas inspiradas no livro de Paloma Amado, “A Comida Baiana de Jorge Amado”.
De seu nome completo Daniel Gociante Patissa, é um jovem escritor angolano que nasceu na comuna do Monte-Belo, município do Bocoio, província de Benguela, em Dezembro de 1978.
Licenciado em Linguística, Gociante Patissa é membro efectivo da União dos Escritores Angolanos e laureado com o Prémio Provincial de Benguela de Cultura e Artes de 2012.
Literatura como mecanismo de expressão
Consulado do Vazio (poesia), A Última Ouvinte (contos), Não Tem Pernas o Tempo (novela), Guardanapo de Papel (poesia), e Fátussengóla, O Homem do Rádio que Espalhava Dúvidas (contos) são as obras desse escritor que quer levar “a nova geração da literatura angolana a Salvador”.
Para Gociante Patissa, “esse diálogo, troca de experiências e perspectivas é importante tendo a literatura como mecanismo de expressão”.
O escritor angolano reconhece que sabe-se muito pouco sobre África no Brasil, mas nota haver “um grande carinho e abertura para fazer esta ponte inter-cultural cada vez mais viva e diversa”.
Ouça a rubrica “Artes da VOA”:
