O presidente da Frelimo criou um grupo de trabalho do partido para analisar o processo de descentralização do país.
São nove figuras reputadas do partido no poder, algumas com posições críticas à actual governação.
Apesar de não ter sido avançada qualquer orientação para a comissão analisar a proposta da Renamo de criação de autarquias provinciais, analistas aguardam com expectativa o resultado do trabalho da comissão.
"Por vezes os resultados não são coincidentes nas eleições gerais, onde se elegem deputados para a Assembleia e o Presidente da República em relação às comunidades nas eleições provinciais para as assembleias provinciais, o que significa que a cada dia as pessoas escolhem os seus candidatos, e temos de dar continuidade ao processo de descentralização”, disse Filipe Nyusi ao apresentar o grupo de trabalho.
Para o analista político Simão Nhambi, este grupo poderá responder às pretensões da Renamo de integrar as autarquias provinciais na divisão político-administrativo do país.
"Este é um indicativo de que o Presidente está a reagir à preocupação da Renamo em governar as provinciais onde ganhou nas últimas eleições gerais em Moçambique e ele sabe que não haverá nenhum processo de paz sem que este problema seja resolvido”, disse Nhambi, para quem a comissão terá o seu impacto “porque vai legitimar esta questão da descentralização”.
O advogado e analista Rodrigo Rocha também alinha pelo mesmo diapasão.
"Não faz sentido que Moçambique seja regulado a partir do sul, enquanto temos realidades sócio-culturais completamente diferentes em todo o resto do território, a descentralização é inevitável e este será, ao meu ver, o primeiro passo para que ela seja acolhida com agrado dentro dos partido dos camaradas", observou Rodrigo Rocha.
Espera-se que este grupo produza e divulgue as suas recomendações antes do encontro entre Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama, cuja data ainda se deconhece.