As filhas de Amílcar Cabral, fundador do PAIGC e líder da luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, condenaram a invasão da sede do partido na capital guineense nesta quarta-feira, 31, pela polícia, alegadamente em cumprimento de ordens judiciais que impediram a realização do novo congresso do partido.
"Não voltem a ofender a memória do nosso pai e dos seus combatentes, tentando destruir o partido que eles criaram", afirmou Indira Cabral ao ler um documento ao lado de Iva Cabral.
"Condenamos com maior veemência a actuação das forças (de segurança) que tomaram de assalto a sede do PAIGC", continuaram as filhas de Cabral que consideraram a acção de “absolutamente intolerável”, que não pode ser repetida.
As forças de segurança, na óptica de Indira e Iva Cabral, "deveriam ser herdeiras dos combatentes" que lutaram pela independência do país, em vez de protagonizarem uma atitude do tipo que "fere de morte" o Estado de Direito sonhado por Amílcar Cabral.
A declaração de ambas foi divulgada pela imprensa e por um vídeo posto a circular nas redes sociais.
Questionada sobre como o seu pai se sentiria caso estivesse vivo, Iva Cabral disse que “revoltado, mas a lutar para o bem-estar do partido e do país".
Congresso arranca
Indira Cabral, que vive na Guiné-Bissau, e Iva Cabral, radicada em Cabo Verde, são delegadas ao novo congresso do PAIGC, inicialmente previsto para começar na terça-feira, 30.
Devido ao cerco da sede do partido pela polícia, o evento apenas começou hoje num hotel da capital, mas foi abruptamente interrompido quando o gerente do mesmo mandou desligar a energia eléctrica, alegadamente por “ordens superiores”.
O acto contou com a presença de parte dos 1261 delegados e alguns convidados internacionais, tendo o presidente do PAIGC Domingo Simões Pereira anunciado a composição da mesa do Congresso.
A direcção espera anunciar na quinta-feira, 1, o local onde vão decorrer os trabalhos do congresso, em virtude de a polícia ter cercado a sede do PAIGC.