Denúncias de partidarização ensombraram o acto central dos 59 anos do início da luta armada de libertação nacional em Angola, nesta terça-feira, 4, na província de Benguela, com a crítica mais visível na mensagem apresentada por uma organização do MPLA, partido no poder, quando o país tem uma federação das associações de antigos combatentes.
Um antigo combatente e veterano da pátria, que diz ter lutado ao lado do primeiro Presidente da República, António Agostinho Neto, considerou que a mensagem foi bastante frágil para os vários problemas que afetam a franja que venceu o colonialismo português.
A mensagem lida pela Associação de Apoio aos Combatentes das ex-FAPLA (Ascofa) perante membros do Governo central enaltece a luta contra a corrupção e à impunidade, mas não faz referência a pensionistas fantasmas, associados às más condições do antigo combatente.
Por aqui começa a observação crítica de António Guilherme, que aponta para pobreza, abandono e baixa pensão.
"Andei a combater contra o colono, ao lado de Agostinho Neto, aqui estão as fotos. Não tenho benefício nenhum, a nossa Angola está a falhar, a pensão é miséria. O senhor Presidente deve ver bem a nossa situação, estamos mal, mal, mal’’, lamenta o ex-guerrilheiro.
A UNITA não gostou de ter visto a Ascofa substituir a federação que congrega os três movimentos de libertação nacional.
Simão Temba, membro da associação dos antigos combatentes do ‘’galo negro’’, refere que o discurso não espelha o sofrimento dos antigos combatentes, veteranos da pátria e viúvas.
‘’Os antigos combatentes recebem um subsídio miserável. São 23 mil kwanzas, ao passo que o deficiente recebe 20 mil, assim como as viúvas. Isto não chega para nada. A culpa é dos corruptos de ontem e de hoje, são os ‘assassinos’ dos angolanos’’, indica Temba.
Em representação do Presidente João Lourenço, o ministro do Interior, Eugénio César Laborinho, afirmou que os heróis de ontem não vão ser esquecidos agora com as reformas em curso.
‘’É nosso dever cuidar dos nossos heróis, assim como é nossa missão cuidar de todos os angolanos. Temos uma nova era na governação e gestão dos bens públicos, por isso as reformas são animadoras’’, anunciou Laborinho.
Em finais do ano passado, o Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria anunciou a retirada da folha salarial de 12.451 falsos pensionistas, que lesavam o Estado em 270 milhões de Kwanzas por mês, cerca de 800 mil dólares.
Excluídos os ‘’fantasmas’’, o Governo angolano já só paga a 162.386 pensionistas.