Marilson das Neves trabalha como guia turístico na ilha de São Tomé, onde as belezas naturais contrastam com a pobreza.
Em entrevista à Voz da América, Marilson contou como passou de observador a uma pessoa que faz o bem sem querer nada em troca.
Um dia estava levando um cliente pela parte central da ilha quando viram várias crianças indo para a escola, de pés descalços, numa estrada de terra batida e com muitas pedras. Marilson lembrou como o cliente olhou para ele e perguntou: “Por que não fazes algo mais para essas crianças?”.O guia turístico respondeu que “não saberia por onde começar”, mas o cliente persistente rebateu: “Tu tens onde começar. Com a tua inteligência consegues sim!”
E foi a partir daquele dia que Marilson começou a coletar materiais e a ajudar aqueles que passam por necessidades. A internet e o Facebook têm sido grandes aliados, pois ajudaram Marilson a expandir o projeto. Hoje ele está à procura de pessoas de boa vontade para continuar a fazer o bem.
Entre as diversas histórias que ele tem para contar, a carta que enviou em 2017 ao Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, merece destaque. Depois de pedir ajuda ao presidente, Marilson recebeu livros e materiais didáticos, além de sapatos e roupas. Ele conta que distribuiu tudo o que recebeu e que ficou impressionado com a experiência.
“Essa atividade me marcou imenso e eu decidi continuar”.
Um dos trabalhos voluntários mais recentes de Marilson foi a construção de uma casa modesta para ajudar uma senhora que passou a morar no meio do mato "em condições deploráveis".
“Uma vez fui visitar um amigo perto da capital e vi fumo a sair do mato e não era algo normal, porque era mato mesmo embrenhado, só com árvores de grande porte. Tentei me aproximar para ver o que se passava porque poderia ser um incêndio. E foi assim que vi uma casinha lá no meio do mato e vi alguém tão fraca, que mal conseguia se mover corretamente”.
Marilson lembra muito bem do dia, como se aproximou e cumprimentou a mulher e começou a conversar com ela e foi desta maneira que conheceu a Vitória. Conversando com ela, descobriu que Vitória tem filhos, mas eles não a ajudam.
“E foi aí que decidi ajudá-la. Mobilizei os jovens da comunidade dela e pedi ajuda a pessoas de boa vontade e a uns clientes que conheço. Assim que consegui alguma ajuda, avançamos o projeto”.
Marilson informou que o projeto já se encontra na fase final. A pequena casa está construída e agora falta mobiliar e fazer alguns ajustes.
Ele também deixou uma mensagem para todos que lerem e ouvirem a entrevista.
“Veja o próximo com amor e carinho. Considere o próximo uma pessoa como nós, e que possamos ajudar o próximo porque nesse mundo há muita fome e muita miséria. Nós não conseguimos mudar o mundo, mas podemos fazer a diferença".
Confira a entrevista!