LUANDA —
Mais de 90 famílias foram desalojadas das casas em que viviam na Boavista, em Luanda, para serem colocadas em estruturas de paredes, sem tecto, sem porta nem janelas numa zona do Zango II.
Juristas ouvidos pela Voz da América consideram a postura do Governo criminosa.
A Voz da América foi ver de perto as novas casas dos desalojados no Zango II e encontrou apenas paredes sem tecto, sem janelas nem portas, sem casas de banhos, sem água potável muito menos energia eléctrica.
Um dos moradores que preferiu falar na condição de anónimo relatou as circunstâncias em que se deu a transferência.
"A nossa situação é péssima, fomos desalojados quase subitamente da Boavista, não nos deram tempo para arrumar as coisas, só chegaram e disseram arrumem as coisas vão ter de sair já, as casas que vos esperam no Zango estão prontas, com tudo energia, e água potável tudo pronto".
Postos no local o cenário era exactamente o oposto do prometido pelo governo
"Postos aqui, as casas sem tecto, sem portas sem janelas, não tem sanitas não tem nada, as crianças têm que defecar nas casas vizinhas desocupadas".
Um cenário que não agradou nada aos antigos moradores da Boavista.
"Casas sem chapas, sem casa de banho, etc. etc. Na Boavista vivíamos bem nas nossas casas com água e luz. Aqui não tem água nem nada, a água que aqui existe é turva, imprópria para beber. Não há hospital aqui a pessoa se tem uma crise não sabe onde recorrer, à noite é mosquito a pessoa não dorme de dia, é mosca, nós tínhamos luz e água, aqui não temos nada".
Os problemas no novo bairro não ficam por aí
"As crianças estão aqui a passar fome, o que é que o governo está a fazer? Zango é uma porcaria, uma miséria, os nossos filhos perderam o ano lectivo eu por exemplo tenho sete filhos, as crianças aqui não tem escolas, então as pessoas saem de casas pra lhes meter aqui nestas casas sem condições, estamos aqui abandalhados, eles são os poderosos".
De acordo com os moradores, o Governo não foi honesto nem sério na abordagem inicial.
"Estamos a sofrer, o Governo disse que ia nos dar boas casas, afinal não prestam: não dormimos, está cheio de mosquitos, dormimos em cima de fezes, tiraram-nos do normal para o pior".
Tanto é o desespero que dizem eles preferir voltar as condições anteriores.
"Já partiram as casas lá senão era preferível voltar onde saímos aqui ta mal, somos obrigados a viver aqui".
E o jurista Pedro Kaparacata diz que em Angola, os cidadãos nestas situações de litígio contra o Estado não têm qualquer hipótese e explica porquê.
"O cidadão aqui pode ir ao tribunal, os juízes agem no mesmo sentido, vai à Procuradoria é igual; a administração local é tudo igual, nada resta ao cidadão, a única arma que o cidadão tem é gritar para ver se fora das nossas fronteiras alguém ouve".
Outro jurista e activista cívico Angelo Kapuacha pensa que estas práticas do Governo são criminosas contudo a justiça é conivente com o poder político.
"Neste caso particular o que o governo da República de Angola faz é crime, para além de cruel e arbitrário, mas como a justiça angolana subordina-se de forma doentia ao poder político faz com que os políticos cometam estas crueldades e desumanidades por saberem que ficam sempre impunes".
Contactada a Administração local, no Zango, uma responsável disse-nos que não estavam autorizados a falar sobre este assunto.
Juristas ouvidos pela Voz da América consideram a postura do Governo criminosa.
A Voz da América foi ver de perto as novas casas dos desalojados no Zango II e encontrou apenas paredes sem tecto, sem janelas nem portas, sem casas de banhos, sem água potável muito menos energia eléctrica.
Um dos moradores que preferiu falar na condição de anónimo relatou as circunstâncias em que se deu a transferência.
"A nossa situação é péssima, fomos desalojados quase subitamente da Boavista, não nos deram tempo para arrumar as coisas, só chegaram e disseram arrumem as coisas vão ter de sair já, as casas que vos esperam no Zango estão prontas, com tudo energia, e água potável tudo pronto".
Postos no local o cenário era exactamente o oposto do prometido pelo governo
"Postos aqui, as casas sem tecto, sem portas sem janelas, não tem sanitas não tem nada, as crianças têm que defecar nas casas vizinhas desocupadas".
Um cenário que não agradou nada aos antigos moradores da Boavista.
"Casas sem chapas, sem casa de banho, etc. etc. Na Boavista vivíamos bem nas nossas casas com água e luz. Aqui não tem água nem nada, a água que aqui existe é turva, imprópria para beber. Não há hospital aqui a pessoa se tem uma crise não sabe onde recorrer, à noite é mosquito a pessoa não dorme de dia, é mosca, nós tínhamos luz e água, aqui não temos nada".
Os problemas no novo bairro não ficam por aí
"As crianças estão aqui a passar fome, o que é que o governo está a fazer? Zango é uma porcaria, uma miséria, os nossos filhos perderam o ano lectivo eu por exemplo tenho sete filhos, as crianças aqui não tem escolas, então as pessoas saem de casas pra lhes meter aqui nestas casas sem condições, estamos aqui abandalhados, eles são os poderosos".
De acordo com os moradores, o Governo não foi honesto nem sério na abordagem inicial.
"Estamos a sofrer, o Governo disse que ia nos dar boas casas, afinal não prestam: não dormimos, está cheio de mosquitos, dormimos em cima de fezes, tiraram-nos do normal para o pior".
Tanto é o desespero que dizem eles preferir voltar as condições anteriores.
"Já partiram as casas lá senão era preferível voltar onde saímos aqui ta mal, somos obrigados a viver aqui".
E o jurista Pedro Kaparacata diz que em Angola, os cidadãos nestas situações de litígio contra o Estado não têm qualquer hipótese e explica porquê.
"O cidadão aqui pode ir ao tribunal, os juízes agem no mesmo sentido, vai à Procuradoria é igual; a administração local é tudo igual, nada resta ao cidadão, a única arma que o cidadão tem é gritar para ver se fora das nossas fronteiras alguém ouve".
Outro jurista e activista cívico Angelo Kapuacha pensa que estas práticas do Governo são criminosas contudo a justiça é conivente com o poder político.
"Neste caso particular o que o governo da República de Angola faz é crime, para além de cruel e arbitrário, mas como a justiça angolana subordina-se de forma doentia ao poder político faz com que os políticos cometam estas crueldades e desumanidades por saberem que ficam sempre impunes".
Contactada a Administração local, no Zango, uma responsável disse-nos que não estavam autorizados a falar sobre este assunto.