Os familiares do adolescente Rufino António, morto por militares em Agosto de 2016 quando defendia a sua casa das demolições no Zango, nos arredores de Luanda, em Angola, exigem que os autores morais sejam levados a tribunais.
Na semana passada, o tribunal condenou o militar José Tady a 18 anos de prisão, como autor dos disparos que vitimou Rufino, e a um ano de prisão outros três militares que participaram da operação de demolição das casas no Zango.
Domingos Antonio, tio do menino Rufino Antonio, dá voz à família e diz que quer ver no banco dos réus os mandantes do crime.
António aponta o dedo ao general Simão Carlitos Wala, que comandou a operação, e o antigo chefe de estado maior das Força Armadas Geraldo Sachipengo Nunda.
“O facto de serem militares e de pertencerem ao Governo deve ler o Executivo a ser responsabilizado porque os militares não foram lá se não tivessem sido mandados, o general Simão Carlitos Wala, e o antigo chefe de Estado-Maior das FAA devem ser responsabilizados”, defendeu António.
O activista e ex-coordenador da associação SOS Habitat Rafael Moraisé de opinião que “o Estado tem culpa nisso porque as Forças Armadas são chamadas para casos de guerra e não para baterem na população indefesa”, porque, acrescente, “para tal existe a polícia e os tribunais para dirimir estes conflitos”.
Para Morais, o “Estado deve sim ser responsabilizado".
O advogado de defesa da família Luis Nascimento também manifestou a sua frustração por não terem sido levados a tribunal os responsáveis militares.