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Famílias vulneráveis sem dinheiro para pagar água canalizada em Malanje


Água em casas de Malanje, Angola
Água em casas de Malanje, Angola

Empresa enfrenta dívidas de 500 milhões de kwanzas e sociólogo lembra que acesso a água é um direito humano

Dezenas de famílias vulneráveis na cidade de Malanje, província angolana de mesmo nome, passaram a ter água canalizada em casa, mas agora não têm dinheiro para pagar o consumo.

A Empresa Provincial de Águas e Saneamento de Malanje (EASM)reclama por uma dívida de mais de 500 milhões de kwanzas junto dos clientes,

O projeto de novas ligações domiciliares da rede da EASM atinge várias zonas da região, com o compromisso dos clientes pagarem pelo consumo.

Famílias vulneráveis sem dinheiro para pagar água canalizada em Malanje
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A família de Sara Domingos, de 54 anos, na periferia da cidade, com 20 membros consome a água há mais de três meses.

“Tem mesmo água, o pagamento da água esse (a pessoa) que fez o contrato pagou 3900 kwanzas, [não] tem dinheiro para continuar a pagar as mensalidades. Eu não ando, vou encontrar dinheiro aonde?”, questionou, Domingos justificando “aqui tem muito encargo, 20 pessoas em casa, para comer é à rasca”.

Moisés João, autoridade tradicional do bairro Cahala, Malanje, Angola
Moisés João, autoridade tradicional do bairro Cahala, Malanje, Angola

Domingas Manuel, de 21 anos, igualmente vulnerável, vive com os irmãos e filhos.

“Agora meteram água [e] na nossa casa, mas não abriram (ligaram) porque nós não temos dinheiro, ainda de comer estamos a passar mal, e para meter água vamos encontrar aonde? Para meter água são necessários 3750 kwanzas, (...) não temos. Não temos mãe, nem pai para nós termos água”, lamentou Manuel.

A autoridade tradicional do bairro Cahala, Moisés João, apela para intervenção das autoridades locais para com as famílias carenciadas, mas que necessitam de água de qualidade.

“Antigamente [tínhamos] diarreia e qualquer tipo de doença porque estávamos a beber água do poço (cacimba), agora hoje em dia já não, o Governo fez tudo por tudo e nos meteu água”, disse mas acrescentou que “aqui no meu bairro, no meu território, tem população vulnerável, mas eles não têm condições para abrir (fazer) contratos”.

Bartolomeu Paposseco, sociólogo, Malanje, Angola
Bartolomeu Paposseco, sociólogo, Malanje, Angola

A água potável é um dos elementos indispensáveis para a sobrevivência das pessoas, é um direito que o Estado angolano salvaguarda na Constituição do pais, acentua o sociólogo Bartolomeu Paposseco, que destaca a necessidade dela ser disponibilizada.

“Privando o acesso à água a estas famílias, infelizmente é a contribuir para uma má qualidade de vida e, consequentemente, para possíveis mortes causadas por água não apropriada para o consumo (humano)”, alertou Paposseco.

Por seu lado, a EASM reclama de uma dívida de mais de 500 milhões de kwanzas entre os 11 mil clientes ativos em sete municípios da província.

André Piedade, administrador para Área Técnica da Empresa de Águas e Saneamento de Malanje, Angola
André Piedade, administrador para Área Técnica da Empresa de Águas e Saneamento de Malanje, Angola

Para o administrador para a área Técnica, André Piedade, os preços são moderados.

“Mensalmente 3800 ou 3 mil e alguma coisa, os consumidores às vezes dizem não, não temos condições de pagar nas modalidades da empresa de água, encontramos sempre meio termo”, explicou

À margem de clientes particulares, a EASM revela que muitas instituições públicas como hospitais, centros e postos de saúde e escolas dos diferentes níveis de ensino não pagam o consumo de água.

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