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"Falta de noção de Estado", dizem activistas em Cabinda sobre discurso de João Lourenço em fórum sobre a paz


Presidente angolano, João Lourenço (dir) e a primeira-dama angolana, Ana Dias Lourenço, chegam à Praça da República em Luanda, para a tomada de posse. 15 de setembro, 2022
Presidente angolano, João Lourenço (dir) e a primeira-dama angolana, Ana Dias Lourenço, chegam à Praça da República em Luanda, para a tomada de posse. 15 de setembro, 2022

Diversas personalidades que defendem a autonomia política e administrativa para Cabinda manifestam-se “desiludidas” com o facto de, no discurso que proferiu nesta segunda-feira, 24, em Dakar, no Senegal, o Presidente da República não ter incluído o conflito político e militar que persiste naquela província angolana há quase 50 anos.

Activistas de Cabinda desiludidos com discurso de João Lourenço no Forum da Paz – 3:19
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Na 8.ª edição do Fórum de Paz e Segurança em África, que começou ontem e termina hoje, João Lourenço assegurou que Angola “não poupa nenhum esforço ao seu alcance” para contribuir para o fim de conflitos no continente africano, face à sua “experiência e história recente”.

“Estamos aqui para fazermos uma profunda reflexão sobre as consequências dos conflitos armados sobre a vida das populações e sobre a economia dos nossos países tendo em conta a necessidade de encontrarmos as melhores soluções para pormos fim definitivo a um fenómeno que nos persegue desde os anos sessenta, década das nossas primeiras independências e que tem vindo a condicionar o desenvolvimento económico e social do nosso continente”, disse.

Em reacção, Jorge Lima, líder dos Democratas Liberais de Cabinda (DLC), afirma que “não adianta fazer discursos bonitos sobre a paz noutros países e manter-se calado em relação ao conflito que existe dentro do território angolano”.

Aquele responsável defende que, em fóruns como o que aconteceu no Senegal, o Presidente angolano devia reconhecer que existe no seu próprio país um conflito armado que precisa de ser resolvido, se necessário, com a ajuda de outros países do continente.

Por seu turno, o responsável da União dos Cabindenses para a Independência (UCI), Maurício Gimbi, considera o discurso do Presidente “uma hipocrisia política”.

Aquele líder independentista diz que o discurso pacifista de João Lourenço contrasta com o esforço de guerra que se assiste em Cabinda.

“Haverá uma altura em que o Governo do MPLA não conseguirá esconder o conflito de Cabinda”, afirma.

Para o conhecido advogado, Arão Tempo, líder do Movimento de Reunificação do Povo de Cabinda para a sua Soberania (MRPCS), o discurso de João Lourenço denota o que chamou de “falta de noção de Estado”.

Tempo também acusa o partido no poder de, alegadamente, não ter “qualquer programa para resolver o conflito de Cabinda” contrariamente ao que terá prometido aquando da Luta de Libertação Nacional .

“Em Cabinda existem partidos independentistas e um braço armado. Tem de ter um plano próprio sobre como resolver este problema porque não é um pequeno conflito mas um grande conflito”, defende, Arão Tempo.

A oitava edição do Fórum de Dakar termina hoje no Centro Internacional de Conferências de Diamnadio (CICAD) sob o lema “África face aos impactos dos choques exógenos: desafios da estabilidade e da soberania”.

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