O défice de enfermeiros ao nível das instituições de saúde pública nas províncias angolanas contribui para a falta de humanização nos diferentes serviços, disse o bastonário da Ordem dos Enfermeiros de Angola.
Paulo Luvalo falava em Malanje depois de manter encontros com filiados da ordem durante as visitas efectuadas nas diferentes dependências dos hospitais Regional e Materno-infantil de Malanje
“Nós entendemos que com o número de profissionais de enfermagem que temos, dificilmente vamos conseguir aplicar os princípios de humanização, isto porque a enfermagem para atender pacientes com qualidade precisa de tempo”, disse Luvalo, explicando que “para atender bem um doente nós precisamos de 15 minutos em média por cada doente, mas com o número de pacientes que nós temos não é possível aplicar essa regra”.
A prestação de um atendimento humanizado passa pelo diálogo com o paciente, ouvir as suas histórias porque algumas doenças não carecem de tratamento para a sua cura, mas sob pressão nada pode ser resolvido com qualidade, de acordo com Luvalo
Outra dificuldade que a entidade patronal deve equacionar é a mudança de categorias
“Tem a ver com aqueles profissionais que entraram para os serviços como administrativos, depois fizeram o curso técnico profissional, alguns começaram como técnicos básicos, hoje muitos já são técnicos médios há mais de 10 ou 15 anos, mas continuam a auferir o salário como auxiliar”, referiu, considerando que “isso é um grave problema porque o profissional não se sente motivado para prestar um atendimento de qualidade”.
Em Malanje há enfermeiros licenciados que permanecem enquadrados como auxiliares de enfermagem, independente da sobrecarga horária o que provoca a desmotivação, acrescentou.
Paulo Luvalo mostrou-se no entanto preocupado com alguns profissionais que desconhecem os princípios que regem a “ética e deontologia profissional em enfermagem”, tanto nas unidades hospitalares públicas ou privadas em Angola.