“A falta de apoios aos projectos culturais tem sido um dos problemas que os criadores nacionais enfrentam”, lamentou o cantor e compositor Filipe Mukenga.
Mukenga falava no lançamento da trilogia musical “Canto Terceiro da Sereia, o Encanto”, de Filipe Mukenga, e o livro “Marítimos”, de Filipe Zau, que foram apresentados no sábado, 26 de Setembro, no auditório da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em Lisboa, Portugal.
Devido às restrições da pandemia, o acto de lançamento não contou com a presença dos autores, que acompanharam a actividade à distância, a partir de Luanda.
O cantor e compositor Filipe Mukenga disse à imprensa que tanto a trilogia como o livro são projectos de anos, guardados devido a falta de patrocinadores e, por isso, tiveram de ser desenvolvidos em várias etapas, a última das quais de 2014 a 2020.
. A trilogia é um “retrato musicalizado” dos primeiros registos musicais da América Latina transportados para o país, por alguns sócios do então Clube Marítimo Africano, que traziam as novidades da época, como de Luís Kalaffe e Célia Cruz.
O projecto, que é parte de uma trilogia musical, iniciada nos anos 1990, inspirada na “Kianda”, figura mitológica dos pescadores da Ilha de Luanda, “é uma ópera de jazz”, de Filipe Zau e Filipe Mukenga, “com quatro actos/ciclos que têm como pano de fundo as memórias de um tripulante em navios da antiga marinha mercante e um irmão, condutor de uma máquina a vapor na antiga linha férrea do Amboim”.
Natural de Luanda, Filipe Mukenga, pseudónimo de Francisco Filipe da Conceição Gumbe, fortemente influenciado pelos Beatles, iniciou a carreira musical no decorrer da década de 1960. Com 57 anos de actividade musical, tem gravado cinco discos: “Novo Som” (1991), “Kianda ki Anda” (1994), “Mimbu Iami” (2003), “Nós Somos Nós” (2010) e “O Meu Lado Gumbe” (2013).
Filipe Mukenga é co-autor, com Filipe Zau, das operetas “Canto da Sereia - O Encanto” (1996), “Canto Segundo da Sereia - O Encanto” (2O12) e “Canto Terceiro da Sereia”, ora lançado. O músico já gravou com artistas consagrados, como Djavan, Maurício Mattar, Rui Veloso, Té Macedo e Estevão Djipson.
Filipe Zau actuou com vários grupos, entre eles o Duo Ouro Negro e na banda “Alerta Está”, que dava concertos em quartéis.
Em 1990 foi adido cultural da Embaixada de Angola, em Lisboa. Seis anos depois, gravou a opereta “O Canto da Sereia: o Encanto”, em homenagem ao pai, com Filipe Mukenga. No mesmo ano lançou o disco “Luanda Lua e Mulher”.