Doentes portadores de HIV-Sida na província angolana de Cabinda queixam-se da inexistência de medicamentais anti-retrovirais e, por isso, muitos suspenderam o tratamento por falta de medicamentos.
Alguns deles disseram à VOA que desde Outubro há uma ruptura dos stocks desses medicamentos.
Uma situação sem fim à vista e que está a obrigar muitos doentes a substituírem os retrovirais com doses de Bactrim.
“O que nos inquieta é mesmo a falta de medicação, estamos a sobreviver com o Bactrim que recebemos das madres”, afirma uma paciente.
“Estamos a receber Bactrim, medicamento de segunda linha”, acrescenta outra outra paciente que lamenta a falta de anti-retrovirais em Cabinda.
Marta Tembo, coordenadora do Centro Irmãs Maria Imaculada, afecto à Diocese de Cabinda, diz temer que muitas crianças possam vir a nascer com HIV por causa da falta de anti-retrovirais para as mães infectadas.
“A questão dos fármacos é uma situação que nos está a dar muita dor de cabeça”, sublinha Tembo, afirmando que a falta dos medicamentos se regista desde o ano passado.
"Disseram-nos que os fármacos estão em Luanda e que não há transporte e, eu pergunto: como é que vamos ter crianças a nascerem livres para brilhar se as mães grávidas não tomam anti-retrovirais desde Outubro do ano passado?”, interroga-se Tempo, lançando depois um apelo “ao Presidente da República e à primeira-dama que se preocupassem com a situação”.
A religiosa disponibilizou-se a deslocar-se a Luanda para levar os fármacos para Cabinda.
“Temos medo que daqui a algum tempo teremos mais crianças seropositivas por causa dessa situação”, conclui.
Por seu lado, Maria Nhumga, madrinha do projecto “Nascer livre para brilhar”, lamenta a situação de falta de anti-retrovirais em Cabinda e pede ao Governo a aquisição célere de anti-retrovirais.
“Não se desanimem porque mais dias, menos dias o medicamento virá”, afirma.