O diretor interino da agência norte-americana, encarregada de proteger os funcionários de alto nível, classificou a tentativa de assassinato do antigo Presidente Donald Trump no início deste mês um “fracasso a vários níveis”, descrevendo-a ainda como "vergonhosa".
Ronald Rowe testemunhou perante os legisladores americanos na terça-feira, 30, prometendo mudanças imediatas para corrigir falhas nas comunicações e na cobertura que permitiram que um atirador de 20 anos subisse ao telhado de um edifício próximo e disparasse oito tiros durante o comício de 13 de julho no oeste da Pensilvânia, matando um participante e ferindo Trump e mais duas pessoas.
“O que eu vi deixou-me envergonhado”, disse Ronald Rowe aos membros das comissões de Segurança Interna e Judiciária do Senado. “Como agente da autoridade de carreira e um veterano de 25 anos dos Serviços não posso defender a razão pela qual aquele telhado não estava mais protegido”.
Essas equipas deveriam ter tido uma visão clara do atirador quando ele subiu para o local, disse Rowe.
“Disseram-nos que o edifício ia ser coberto”, disse Rowe aos legisladores. “Eu não podia, não posso e não vou entender por que não havia uma cobertura melhor ou pelo menos alguém a olhar para a linha do telhado quando era onde eles estavam posicionados.”
Rowe também admitiu aos legisladores que, apesar de a polícia local ter identificado o atirador como uma pessoa suspeita mais de uma hora antes do comício, essa informação nunca chegou aos agentes dos Serviços Secretos que protegiam o antigo presidente.
“Parece que essa informação ficou retida ou isolada no canal estatal e local”, disse ele.
“É preocupante”, acrescentou Rowe. “Não sabíamos que estava a acontecer este incidente. ... Nada sobre um homem no telhado. Nada sobre um homem com uma arma”.
Cheatle demitiu-se um dia depois de ter sido repreendida por uma comissão do Congresso por não ter conseguido impedir o atentado contra a vida de Trump.
Cheatle testemunhou que os Serviços Secretos tinham sido informados cinco vezes sobre uma pessoa suspeita antes do tiroteio.
Entretanto, a investigação em curso do FBI sobre o atirador, Thomas Matthew Crooks, ainda não determinou porque é que ele tentou matar o antigo presidente.
O diretor-adjunto do FBI, Paul Abbate, disse aos legisladores na terça-feira que o gabinete já realizou mais de 460 entrevistas, mas até agora não encontrou nada.
“A investigação não identificou um motivo, nem quaisquer cúmplices ou outros com conhecimento prévio”, disse Abbate, acrescentando: "absolutamente nada foi descartado".
Mas o diretor-adjunto do FBI disse que uma conta de rede social recentemente descoberta, utilizada em 2019-2020, pode lançar alguma luz sobre a motivação do atirador.
“Foram publicados mais de 700 comentários a partir desta conta”, disse aos deputados. “Alguns desses comentários, se em última análise forem atribuíveis ao atirador, parecem refletir temas antis-semitas e anti-imigração para defender a violência política e são descritos como de natureza extrema.”
“Embora a equipa de investigação ainda esteja a trabalhar para verificar esta conta e determinar se pertence de facto ao atirador, consideramos importante partilhá-la (...) especialmente devido à ausência geral de outras informações até à data provenientes das redes sociais e de outras fontes de informação que reflitam sobre o potencial motivo e a mentalidade do atirador.”
Os funcionários do FBI descreveram Crooks como um solitário inteligente e disseram que parece que ele “fez esforços significativos para esconder as suas atividades”, que podem ter começado há mais de um ano.
Segundo os investigadores, foi nessa altura que começou a utilizar contas de correio eletrónico encriptadas e pseudónimos para fazer compras online relacionadas com armas, seguidas de uma série de compras online de produtos químicos para fabricar os três engenhos explosivos encontrados no seu carro e no seu quarto.
Crooks também começou a fazer pesquisas na Internet sobre tiroteios em massa, centrais eléctricas, uma variedade de funcionários eleitos e tentativas de assassinato.
Também notaram uma falta de comunicação entre o atirador e outras pessoas, em geral.
Rojek acrescentou que mesmo as contas do atirador em plataformas de jogos mostravam “muito pouca interação”, descrevendo-a como fora do normal.
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