Num pedido de apoio ao Governo da Namíbia para o repatriamento de capitais desviados de Angola, agora com a fase coerciva em curso, o governador provincial de Benguela, Rui Falcão, revelou que os números da corrupção continuam a surpreender todos os dias.
Em conversa com o embaixador namibiano em Angola, Patrick Nandago, na segunda-feira, 10, na cidade de Benguela, Falcão admitiu que os níveis de corrupção são extremamente altos, apesar das medidas que visam coibir determinadas acções.
Quem combate a corrupção, principalmente quando a determinação for a mesma da luta pela independência nacional, é obrigado a ter capacidade para encarar o futuro.
Com este argumento, Rui Falcão Pinto de Andrade explicou ao diplomata namibiano que os recursos desviados fazem muita falta à economia angolana.
‘’Não vamos ceder a pressões, seja de quem for. Angola tem recursos suficientes para se desenvolver, precisa é que sejam convenientemente aplicados, que deixem de beneficiar pessoas egocêntricas e invejosa. Isso vai levar algum tempo, mas já dá alguns resultados. Não é contra ninguém, é batalha para o bem dos angolanos’’, avisa o governante.
Daí o pedido de ajuda à Namíbia, agora que o país observa a fase coerciva de repatriamento de capitais.
‘’Seguramente haverá na Namíbia muitos recursos desviados de Angola. As nossas autoridades deverão também cooperar nesse sentido. Temos a noção, entretanto, de que somos obrigados, mesmo com o pouco, a fazer mais do que no passado’’, acrescenta.
As palavras de Rui Falcão foram ouvidas poucos dias depois de declarações do sub-procurador-geral da República titular de Benguela, Herculano Saculanda, relativas a 40 processos de suspeitas de crimes de peculato.
‘’Alguns (gestores) cessaram e outros estão em funções. Há um processo de investigação, só a pronúncia os pode tornar inábeis para exercer funções públicas. São figuras que não gozam de imunidades, são julgadas pelo Tribunal de Comarca’’, explica o magistrado.
A luta contra a corrupção é uma das bandeiras do Presidente João Lourenço que, com a lei do repatriamento de capitais, tenta recuperar milhões de dólares levados para o exterior por pessoas do regime.