Num mundo cada vez mais conectado, a ciência e a educação desempenham papéis cruciais no desenvolvimento de nações.
No programa Fala África entrevistámos o Dr. Jay Brito Querido, professor assistente de bioquímica na Faculdade de Medicina e professor assistente de pesquisa no Instituto de Ciências da Vida da Universidade de Michigan, EUA.
Quais os desafios e oportunidades para a ciência e o ensino superior em Cabo Verde e em todo o continente africano? Como a pesquisa científica e a colaboração internacional têm moldado o futuro de Cabo Verde, inspirando inovação e progresso?
Segundo o Dr. Querido, Cabo Verde enfrenta o desafio de não apenas aumentar o número de instituições, mas também elevar a qualidade e o rigor do ensino superior.
“Cabo Verde é um dos países com maior taxa de fuga de cérebros”.
Uma das soluções sugeridas pelo professor para impulsionar o avanço científico e tecnológico em Cabo Verde e em outros países lusófonos é a colaboração com a diáspora cabo-verdiana, que inclui cientistas altamente qualificados que vivem nos Estados Unidos e em outros lugares do mundo.
“Hoje Cabo Verde tem de compreender que vivemos num mundo global e no mundo global cada vez mais conectado. Um cabo-verdiano que vive aqui por exemplo no Michigan ou em Boston não tem de estar em Cabo Verde para contribuir para o avanço do país. Cabo Verde tem de criar, à semelhança de outros países como a Índia, a Coreia do Sul, uma rede da diáspora do conhecimento que pode fomentar o avanço científico no país através de colaborações e projetos conjuntos”.
“Aquilo que nós temos assistido são colaborações pontuais entre pesquisadores, entre investigadores, mas não existe um plano estruturado para colaboração entre instituições do ensino superior em Cabo Verde e instituições de ensino superior aqui nos Estados Unidos, como por exemplo, as que existem em Portugal. Em Portugal existe o programa MIT Portugal e existem colaborações com universidade do Texas, Austin e Portugal, então são programas estruturados e isso tem faltado a Cabo Verde.”
O cientista acrescentou que “em Cabo Verde ainda não temos uma agência estruturada para o financiamento e regulação da investigação científica no país. Então ainda estamos numa fase muito incipiente e que temos de dar os primeiros passos até pensar em internacionalização da investigação científica que se faz no país”.
“Eu venho de uma de uma família humilde, então eu sei as dificuldades que os jovens da preferia da Cidade da Praia sentem para dar o próximo passo. Uma das dificuldades, é a falta de autoestima. Falta alguém que lhes diga que é possível”, explicando a importância da sua participação na criação do projeto "Professor por 1 Dia" no Agrupamento 8 do Centro Educativo Achada Grande, na cidade da Praia, Cabo Verde.
“Hoje essa escola tem sido um exemplo daquilo que é a transformação que uma escola pode introduzir numa comunidade. Estou muito orgulhoso pelo pequeníssimo contributo que eu dei para esse processo.”
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