Analistas em Luanda admitem que a exoneração do ex Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas resulta de motivações políticas. Para falar sobre o assunto, ouvimos o jurista Monteiro Kawewe e o analista político Carlos Agostinho.
Continua a ser mal digerida a exoneração do general Geraldo Sachipengo Nunda do cargo de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, uma decisão tornada pública depois do Presidente da República, João Lourenço, ter convocado o conselho de segurança nacional, órgão competente para aconselhar o Chefe de Estado, sobre a gestão das Forças Armadas e não só.
Em causa está o facto de alguns membros dos órgãos castrenses concluirem que esta decisão decorre de duas leituras concretas, a julgar pelas últimos acontecimentos, sendo a primeira leitura relacionada com alegadas contradições com o agora nomeado Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Angola, o general de exército, António Egídio de Sousa e Santos.
Uma segunda leitura aponta também para uma alegada cabala montada contra o general Nunda, ao ver o seu nome envolvido no mediático caso de tentativa de burla contra o Estado angolano, do qual foi constituído arguido, mesmo sem ter sido notificado pelo Ministério Público.
É importante recordar que o próprio general Nunda já havia manifestado a sua intenção de abandonar o cargo, por estar beneficiado no âmbito do processo de reforma das altas patentes das forças armadas.
General Nunda refuta acusações de envolvimento em negócios com tailandeses
Na tomada de posse do novo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Angola chamou, igualmente atenção dos analistas em Luanda,
o facto do Presidente da República ter apelado para a necessidade da
moralização das forças armadas, contrariando a versão segundo a qual
este órgão representava o exemplo para o país.
O jurista Monteiro Kawewe ao analisar este assunto, considera um "golpe
duro", a exoneração do general Nunda, uma vez que o seu desempenho foi
sempre na base do rigor e em obediência aos princípios que regulam a
gestão das forças armadas angolanas.