A eurodeputada socialista Ana Gomes disse neste sábado, 1, em Luanda, que os 15 jovens do autodenominado Movimento Revolucionário detidos a 20 de Junho são presos políticos.
"É o próprio Governo que os define como presos políticos, mesmo que, contraditoriamente, o negue", apontou Gomes, sublinhando que "ninguém em Angola" acredita que fossem capaz de realizar um golpe de Estado.
A integrante da subcomissão de direitos humanos da União Europeia considerou que a acusação da própria Procuradoria-Geral da República de que os activistas preparavam um golpe de Estado tonar evidente que “são presos políticos”.
Em conferência de imprensa hoje na capital angolana, a eurodeputada portuguesa manifestou a sua precupação com as condições de detenção dos activistas, com cujos familiares ela se reuniu em Luanda.
“É absurdo”, refutou Ana Gomes, quando questionada sobre acusações de ingerência nos assuntos internos de Angola feitas por membros do Governo, a Juventude da MPLA e o oficial Jornal de Angola.
Para a eurodeputada, “as questões dos direitos humanos e de solidariedade democrática não podem ser postas ao nível desse tipo de intenções”, apesar de haver “sempre uns toscos que recorrem a argumentos grotestos”.
Gomes, que se reuniu com vários ministros durante a sua estada de uma semana em Angola, reiterou não ter quaisquer intenções de ingerência nos assuntos internos do país, e afirmou ter a certeza de “que há muita gente no próprio Governo que não subscreve essas palavras".
A socialista, que foi acusada pelo Jornal de Angola de não visitar o antigo primeiro-ministro português e líder do PS que se encontra preso, esclareceu que José Sócrates não é um preso político por ser acusado de crimes económicos, corrupção, branqueamento de capitais”.
Para Ana Gomes, são "acusações distintas" e, portanto, "situações diferentes", não comparáveis, embora discorde da decisão do Ministério Público português de prender para depois investigar.
Durante a sua permanência em Angola, a eurodeputada socialista encontrou-se com activistas, participou numa conferência sobre direitos humanos, visitou familiares de activistas detidos e reuniu-se com membros do Governo e partidos políticos.