Links de Acesso

EUA: Três mil trabalhadores da indústria automobilística em greve por melhores salários


Trabalhadores da indústria automobilística dos Estados Unidos
Trabalhadores da indústria automobilística dos Estados Unidos

Presidente Joe Biden manifestou apoio aos trabalhadores e defendeu que os dividendos devem ser distribuídos de forma justa.

Cerca de 13 mil trabalhadores da indústria automobilística dos Estados Unidos entraram em greve nesta sexta-feira, 15, depois dos sindicatos não terem chegado a acordo com os fabicantes de Detroit sobre um aumento salarial de 40 por cento.

A greve afeta as fábricas de montagem da General Motors em Wentzville, Missouri, da Ford em Wayne, Michigan, perto de Detroit, e da Stellantis Jeep em Toledo, Ohio.

A paralisação irá provavelmente traçar o futuro do sindicato e da indústria automóvel americana, numa altura em que as empresas enfrentam uma transição da construção de automóveis de combustão interna para a produção de veículos elétricos.

A greve pode até ser um fator de peso nas eleições presidenciais do próximo ano, depois de Joe Biden ter afirmado que é o Presidente mais favorável aos sindicatos da história americana.

Numa primeira reação, o Presidente revelou o seu apoio à luta dos sindicatos e disse que os rendimentos do setor devem beneficiar a todos.

“Os dividendos devem ser divididos de forma “justa”, sublinhou Joe Biden.

“Trabalhadores de todo o mundo estão a observar isto”, avisa Liz Shuler, presidente da AFL-CIO, uma federação de 60 sindicatos com 12,5 milhões de membros.

Pressão sobre três fábricas

A greve é muito diferente daquelas feitas durante as negociações anteriores do sindicato UAW.

Em vez de atacar uma empresa, o sindicato, liderado pelo seu combativo novo presidente, Shawn Fain, escolheu três empresas para estimular os negociadores das mesmas a aumentarem as suas ofertas, que eram muito inferiores às exigências sindicais de aumentos salariais de 36% ao longo de quatro anos. GM e Ford ofereceram 20% e Stellantis, antiga Fiat Chrysler, ofereceu 17,5%.

O próprio Shawn Fain considerou audaciosas as exigências do sindicato, mas afirma que os fabricantes de automóveis estão a arrecadar milhares de milhões e podem responder às suas reivindicações porque a mão-de-obra representa apenas 4% a 5% dos custos dos veículos.

“Eles poderiam duplicar os nossos aumentos e não aumentar os preços dos automóveis e ainda assim obter milhões de dólares em lucros”, disse Fain, para quem “não somos o problema, ganância corporativa é o problema”.

Além dos aumentos salariais gerais, o sindicato procura recuperar o nível de vida, reduzir diferentes níveis salariais, recuperar os tradicionais regimes de benefícios definidos e pensões.

Ganhos de milhões para as empresas

Muitos trabalhadores dizem que é altura de recuperar as concessões porque as empresas estão a obter enormes lucros e os presidentes das fábricas ganham milhões de dólares.

Os fabricantes de automóveis, no entanto, lembram que enfrentam exigências de capital sem precedentes à medida que desenvolvem e constroem novos veículos elétricos, enquanto mantém as linhas anteriores.

Eles estão preocupados com o fato de os custos laborais subirem tanto que terão de fixar preços para os seus automóveis acima dos vendidos pelos fabricantes de automóveis estrangeiros com fábricas nos EUA.

A presidente e diretora executiva da General Motors (GM), Mary Barra, disse aos trabalhadores numa carta distribuída ontem que a empresa ofereceu aumentos salariais nunca vistos.

Jeff Schuster, chefe do setor automotivo da empresa de pesquisa Global Data, prevê que as greves podem durar mais do que as paralisações anteriores, como a greve de 2019 contra a GM, que durou 40 dias.

Fórum

XS
SM
MD
LG