Em fim de mandato, Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos, prepara-se para uma visita de dois dias a Angola, cujos principais objetivos são explorar o comércio e a infraestrutura em África, a liderança de Angola e a sua parceria Global sobre comércio, segurança e saúde e a evolução das relações entre Angola e os Estados Unidos, de acordo com um briefing online realizado nesta terça-feira (26), pelo Departamento de Estado.
No briefing com Frances Brown, Assistente Especial do Presidente e Diretora Principal para os Assuntos Africanos no Conselho de Segurança Nacional, e Helaina R. Matza, Coordenadora Especial em exercício para a Parceria para as Infra-estruturas e o Investimento Globais, foi destacada a importância de Angola como parceiro estratégico dos EUA e líder regional e como o Corredor do Lobito faz parte da abordagem mais alargada dos EUA e do G7 através da Parceria para Infra-estruturas e Investimentos Globais (PGI).
A relação EUA/ Angola tem-se transformado ao longo dos últimos 30 anos, e essa transformação acelerou nos últimos três anos, disse Frances Brown, ao referir por exemplo que em 2023, o comércio entre os EUA e Angola totalizou aproximadamente 1,77 mil milhões de dólares, o que faz de Angola "o nosso quarto maior parceiro comercial na África Subsariana".
"Estamos também a trabalhar com Angola para enfrentar uma série de desafios prementes, incluindo o reforço da paz e da segurança no leste da República Democrática do Congo, o aumento das oportunidades económicas na região e a expansão da cooperação tecnológica e científica", acrescentou.
Para Frances Brown, o Corredor do Lobito é mais do que uma linha ferroviária ou minerais importantes, "é também sobre as comunidades que vão ser fortalecidas, mais acesso à educação, movimentação de produtos agrícolas".
"Estes investimentos estão a ser feitos através de concursos públicos os transparentes", disse Frances Brown.
Ainda de acordo a Assistente Especial do Presidente e Diretora Principal para os Assuntos Africanos no Conselho de Segurança Nacional, o Presidente Biden vai encontrar-se com parceiros angolanos que estão a fazer a diferença junto das suas comunidades, mas não foram dados detalhes sobre quem serão esses parceiros.
Sobre um possível encontro com membros da sociedade civil, Florindo Chivucute, presidente da Friends of Angola, diz que seria "extremamente importante sobretudo para realçar o papel da sociedade civil em democracias, na consolidação do processo democrático".
Chivucute também acredita que esta seria uma boa oportunidade para se discutir com o Presidente Biden questões que há muito têm sido preocupações levantadas pelas organizações da sociedade civil como a realização de eleições locais, a realização de manifestações pacíficas, a liberdade de expressão e a corrupção.
Expansão de parcerias com Angola
Frances Brown referiu que haverá um conjunto de anúncios durante a visita de Biden relacionados com o importante pacto da Millennium Challenge Corporation (MCC) que foi recentemente assinado para a Zâmbia e que complementa os investimentos agrícolas e ferroviários mais alargados no Lobito.
Segundo o briefing, o Presidente Biden deverá anunciar várias iniciativas de expansão em diversas áreas, desde segurança sanitária mundial e parceria neste domínio, à segurança alimentar e o agronegócio, à cooperação no sector da segurança e à preservação do património cultural de Angola.
Frances Brown diz que o Presidente Biden se concentrará no reforço das parcerias económicas dos EUA que "mantêm as nossas empresas competitivas e defendem os trabalhadores, reforçando a transparência e o envolvimento cívico, intensificando a ação em matéria de segurança climática e reforçando a paz e a segurança. Por isso, há mais para vir em todas estas frentes".
Sobre a PGI, Helaina R. Matza, diz que não só foram mobilizados 5 mil milhões de dólares, como grande parte desse montante está repartido entre investimentos em novos projectos de energia limpa, incluindo energia solar, microrredes e apoio a esforços de dessalinização - muitos dos quais estão a decorrer em Angola, em particular.
"Mas, em todo o corredor, novos investimentos no sector do agronegócio e apoio a empresas que estão a tentar expandir a capacidade de produção para os mercados alimentares locais", acrescentou.
A Coordenadora Especial para a PGI disse que os EUA têm investido em oportunidades ao longo do corredor como dinheiro digital (em parceria com a Africell) e programas bancários para ajudar a apoiar os produtos dos pequenos agricultores a chegar ao mercado, bem como trabalhar em todo o ecossistema digital para oferecer mais serviços 5G em Angola.
É o Corredor do Lobito um investimento para contrabalançar a influência da China e da Rússia?
Essa é uma questão colocada várias vezes à Administração Biden.
Este briefing não foi excepção e Frances Brown respondeu defendendo que "esta abordagem não tem a ver com forçar os países a escolher, mas sim com dar-lhes uma escolha e a capacidade de tomar as suas próprias decisões soberanas, algo em que o Presidente Biden tem sido muito coerente". Para Brown os Estados Unidos e Angola e os outros homólogos africanos partilham dos mesmos valores e consideram problemático "infra-estruturas digitais não fiáveis, trabalho forçado e pesca ilegal e não regulamentada".
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