"Eu também tenho filhos e não vou entregar [obras] a nenhum dos meus filhos", afirmou o Presidente angolano numa conferência de imprensa a 12 meios de comunicação social em Luanda nesta quinta-feira, 9, na qual ele defendeu a adjudicação de contratos pelo Estado por ajuste directo.
Esta prática tem sido muito criticada pela oposição e analistas políticos por poder levar à corrupção e nepotismo em virtude de as obras estarem a serem entregues a pessoas próximas do MPLA, no poder.
Embora não tenha citado nomes, João Lourenço, que respondia a perguntas dos jornalistas, lembrou obras atribuídas a empresas de Isabel dos Santos durante o mandato do pai, José Eduardo dos Santos.
"Eu também tenho filhos e não vou entregar [obras] a nenhum dos meus filhos", disse o Presidente, quem apontou o terminal oceânico da Barra da Dande e a Marginal da Corimba, em Luanda, entregues "à mesma pessoa", sem concurso público.
João Lourenço citou "o casal", numa clara referência a Isabel dos Santos e o seu falecido marido, Sindika Dokolo, que comercializava 60% dos diamantes produzidos em Angola e que, segundo ele, teve "o desplante" de obrigar a Sodiam a recorrer ao credito bancário junto do banco de que eram beneficiários.
"O casal comercializava 40 por cento dos diamantes produzidos em Angola. Os restantes 60 por cento eram comercializados pelo resto da família", revelou o Presidente, enfatizando que agora “as produtoras de diamantes podem comercializar elas próprias 60 por cento do que produzem".
O Presidente angolano sublinhou ter sido preciso "pôr fim a esta festa" e realçou que o Estado tem vindo a ganhar causas relacionadas com estes problemas em várias instâncias internacionais.
Ele enfatizou que Angola está a tornar-se "um gigante dos diamantes", que já não vende apenas diamantes brutos, ao transformar 20 por cento no país.
"Isto era o antes, o agora é que (os contratos) não ficam para o filho, o sobrinho ou o amigo", rematou.
Na conferência de imprensa, o também candidato do MPLA à sua reeleição a 24 de Agosto enumerou vários concursos públicos e defendeu a sua opção pelo ajuste directo ao afirmar que "não deixa de ser um concurso legal, tipificado na lei".
João Lourenço também abordou o envio de observadores eleitorais, a justiça, a imprensa e também os protestos e greves registados no país.