Um estudo da Associação para Justiça, Paz e Democracia (AJPD) sobre impacto da exploração de diamantes nas províncias angolanas das Lundas Norte e Sul concluiu que o lado social das comunidades vizinhas tem sido descurado pelas empresas de exploração que, em vários casos, coartam vários direitos das populações.
Em todas elas, o impacto da exploração diamantífera é quase nulo, de acordo com o estudo, que indica inclusive casos em que as empresas violam direitos fundamentais das pessoas como impedir a circulação das mesmas e coartar o acesso a rios e lavras.
"Tem a ver com o ambiente, a restrição na livre circulação das pessoas que vai impactar negativamente outros direitos, que tem a ver com a existência da pessoa: impedir o acesso a água, aos rios, à caça, as terras, os jovens destas zonas não são recrutados pelas empresas de exploração, não há formação profissional dos jovens, significa que existe um índice muito grande de desemprego nestas zonas", aponta Serra Bango, coordenador do estudo da AJPD.
Alguns sobas destas comunidades ouvidos pela VOA, como Munengue Sonhi, da aldeia Sambaia, testemunharam na primeira pessoa o impacto negativo que sofrem das empresas de exploração diamantífera.
"Tanta riqueza que já extraíram e nós que somos donos da terra nada beneficiamos desta riqueza, já nos aldrabaram muito, com promessas de fazerem alguma coisa na nossa comunidade, prometeram empregar os nossos jovens, tudo mentira, só levaram papéis, as empresas preferem dar emprego a jovens que não são da nossa aldeia, a escola deve ser reconstruída para que os nossos filhos aprendam também alguma coisa, o hospital para sermos tratados, estão a nos explorar demais", queixa-se Munengue Sonhi
Presente na apresentação do estudo da AJPD, o líder do grupo parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, disse que "mesmo a 200 metros do Catoca há uma comunidade à direita extremamente empobrecida e que lamenta a situação em que se encontra”.
“Penso que as autarquias podem ser uma solução para este tipo de coisas", sustentou Costa Júnior.
A sociedade mineira do Catoca, presente no acto pelo seu representante, Pedro Kapumba, afirmou reconhecer algumas das situações mas considerou que o cenário actual é um pouco diferente.
"No capítulo social, Catoca tem feito muito, mas ainda é insuficiente, reconhecemos, mas acreditamos que algumas coisas não são nesta óptica tão restritiva, antes existiam situações muito complexas em que havia dificuldades de circulação de toda a população, hoje o cenário é diferente e o Catoca não impede a circulação de pessoas”, garantiu Kapumba.