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Estudo aponta Moçambique como um dos cinco países africanos mais atingidos pelo terrorismo


Uma mulher deslocada da província de Cabo Delgado faz fila para receber ajuda humanitária na Escola Tribuna 21 de abril, em Namapa, distrito de Erati, província de Nampula, Moçambique, a 27 de fevereiro de 2024.
Uma mulher deslocada da província de Cabo Delgado faz fila para receber ajuda humanitária na Escola Tribuna 21 de abril, em Namapa, distrito de Erati, província de Nampula, Moçambique, a 27 de fevereiro de 2024.

CHIMOIO - Moçambique é um dos cinco países africanos mais atingidos pelas ações do Estado Islâmico, grupo radical que expandiu as suas atividades entre Janeiro a Junho de 2024, revela um novo estudo do Instituto de Pesquisa de Mídia do Médio Oriente.

Estudo aponta Moçambique como um dos cinco países africanos mais atingidos pelo terrorismo
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O estudo “O Estado Islâmico e a Perseguição aos Cristãos na África” , com dados referentes aos ataques protagonizados por elementos do Estado Islâmico contra instituições cristãs e assassinatos de pessoas que professam a religião cristã, diz que Moçambique ocupa a terceira posição na lista de cinco países mais afetados pelo terrorismo em Africa.

“Os países mais afectados pelo Estado Islâmico de Janeiro a Junho tem sido a Nigéria, Republica Democrática de Congo (RDC), Moçambique, Camarões e Mali, onde o grupo terrorista atua por meio de varias divisões”, lê-se no estudo.

No primeiro semestre de 2024, diz o documento, o Estado Islâmico reivindicou a morte de 698 cristãos africanos. “Esse número ilustra a gravidade da situação e a brutalidade dos métodos empregados pelo grupo, uma vez que, entre essas vítimas, 319 foram decapitadas e 379 mortas a tiros”. A Nigéria e a RDC tiveram as maiores baixas de cristãos.

De acordo com o estudo, “a província do Estado Islâmico de Moçambique (ISMP), divisão formada em 2019, matou 29 cristãos, sendo cinco deles por decapitação. Além disso, o grupo incendiou 939 casas, 21 igrejas e 12 escolas, causando enorme destruição e terror nas comunidades locais.”

Nova fase do terrorismo

Reagindo ao estudo, vários analistas moçambicanos alertam que o país entrou para a terceira dimensão do terrorismo.

A investigadora e professora universitária, Liazzat Bonate anota que vários militantes do Estado Islâmico, que atuaram na RDC mudaram para Moçambique, aproveitando a nova onda migratória sul-sul, que permitiu a expansão das operações do ISIS em África, depois do enfraquecimento militar no Medio Oriente.

Já Muhamad Yassine, especialista em terrorismo internacional, entende que a insurgência em Cabo Delgado entrou para uma nova fase, estando os grupos terroristas ocupados com a conquista das populações e não na guerra, depois de um início agressivo “para impor o medo e o terror”.

“Nós estamos agora a entrar para a terceira fase, que é de estabilizar as comunidades conquistadas e torná-las a favor da insurgência contra o governo, e isto está a acontecer”, afirma Yassine.

O também politico e académico moçambicano defende que as revoltas populares em Cabo Delgado, devem ser entendidas como uma nova fase do terrorismo.

“Se for a reparar, ainda na semana passada, em Mocímboa da Praia a população se revoltou contra a presença das forças ruandesas nas suas casas, mas já no ano passado, as forças ruandesas eram as salvadoras. A População passou a rejeitar há duas semanas atrás o mercado e a escola construída pela força ruandesa que era oferta”, anota Yassine.

Por sua vez o sociólogo moçambicano João Feijó entende que o terrorismo conseguiu “de alguma forma substituir o papel de estado e criar zonas de influência, criar as suas zonas pseudolibertadas, no sentido em que começa a garantir algum controlo social da população”.

Feijó, que é coordenador do Observatório do Meio Rural, entende que as autoridades precisam de estudar uma nova forma de lidar com a atual fase, no lugar de minimizar a atuação dos terroristas.

“É preciso entender que não vai ser com vinagre que se apanham moscas, mas através de estratégias mais doces. Será conquistando a população, conquistando os corações da população, que vamos conseguir inverter a situação,” diz.

Escapando do Pesadelo de Cabo Delgado
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