O envolvimento da juventude são-tomense com o associativismo académico está fortalecendo-se cada vez mais na diáspora. Em entrevista à Voz da América, o presidente da Associação dos Estudantes da Ilha do Príncipe em Portugal, Silton Monforte, disse que a sua equipa está apta para começar a fazer alguma coisa útil para os estudantes são-tomenses em Portugal.
Segundo Monforte, que tomou posse como presidente em fevereiro deste ano, entre as prioridades da associação estão resolver os problemas básicos dos estudantes e assinalar algumas datas históricas de São Tomé e Príncipe, como o aniversário da autonomia do Príncipe no dia 29 de abril.
“Nós, enquanto jovens que somos, estudantes naturais da Ilha do Príncipe, temos a noção de quão importante é a autonomia para o processo de desenvolvimento do Príncipe. Não podemos deixar que o 29 de abril passe de forma despercebida no meio dos estudantes. Estamos já a preparar nos bastidores algumas atividades para assinalar o 29 de abril em Lisboa."
Para Monforte, o associativismo académico pode ser visto de dois pontos de vista: o individual e o coletivo.
Do ponto de vista individual, ele é uma atividade que dá oportunidade para desenvolver capacidades técnicas antes do estudante entrar no mercado de trabalho.
Do ponto de vista coletivo, ele é uma atividade especificamente praticada por estudantes vindos de um país que está em desenvolvimento, e que eles têm plena noção de quais são os desafios que os estudantes são-tomenses enfrentam na diáspora.
Ele sabe que os governantes dão bastante importância para o número de estudantes são-tomenses no estrangeiro.
“De modo geral a política lida muito com números e no final de cada ano nossos políticos precisam desses números para fazer o balanço e dizer, por exemplo, que enviaram 10, 20, 50 estudantes são-tomenses para fora do país. É um aspeto que eles precisam.”
No entanto, o presidente da Associação dos Estudantes da Ilha do Príncipe em Portugal disse que para ele e para a associação “é mais importante ter estudantes no estrangeiro com condições de uma vida digna do que um grande número de estudantes.”
Monforte explicou que é nesse aspeto que tanto ele, como presidente, assim como a associação têm um papel importante porque o associativismo académico acaba por ser uma conjugação de ideias e de iniciativas por parte de uma equipa multidisciplinar que tem como intuito resolver problemas dos estudantes que são da responsabilidade do Estado.
“Porque temos a noção de que as dificuldades dos estudantes são enormes, os recursos são escassos, é claro que se nós ficarmos à espera de que o nosso governo faça tudo por nós não sairemos do lugar onde estamos”.
Monforte ressaltou a importância de conhecer os estudantes e poder diagnosticar os problemas que eles têm a fim de implementar estratégias e medidas que vão ao encontro de suas necessidades.
“Nós aqui na associação estamos preocupados e emprenhados em resolver problemas para que os estudantes alcancem o seu objetivo final”.
Sobre a participação da juventude no processo de desenvolvimento de São Tomé e Príncipe, Monforte disse que faz todo o sentido que a juventude tenha uma participação ativa nesse processo, porque o país tem uma população maioritariamente de jovens.
“E nós em Portugal não queremos limitar nossas ações apenas ao âmbito académico, queremos fazer da associação uma plataforma que chame o estudante para uma participação ativa na sociedade, para uma participação consciente no presente e no futuro do país.”
Monforte disse que há quadros e colaboração para isso acontecer.
“Estou a falar do CNJ (Conselho Nacional da Juventude de São Tomé e Príncipe ) que tem aqui em Portugal. Mário Lopes é um líder e eu estou convicto que ele terá essa capacidade de congregar toda a juventude são-tomense na diáspora num único objetivo, que é o presente e o futuro de São Tomé e Príncipe.”
Desafios dos estudantes na diáspora
Monforte explicou que as barreiras são imensas. Segundo ele, muitos são-tomenses estudam por conta própria em universidades privadas e não têm meios suficientes para pagar as propinas, e às vezem desistem do curso.
Monforte contou que o alojamento “perturba os estudantes,” pois um quarto ou uma casa chega a custar de 500 a 600 euros por mês.
Além disso, os estudantes que têm dívidas nas universidades não conseguem documentos, como por exemplo uma declaração que comprove que são estudantes. Eles também não podem trabalhar porque não possuem documentos que lhe deem esse tipo de acesso.
Monforte concluiu a entrevista dizendo que a associação e os estudantes sabem das dificuldades, mas o importante é fazer algo, uma atividade, uma iniciativa que tenha impacto na vida dos estudantes. Não podemos cruzar os bracos”.
Confira a entrevista!