O Governo dos Estados Unidos e os Talibãs assinaram neste sábado, 29, em Doha, no Catar, um acordo de paz que prevê a retirada completa, em 14 meses, das tropas americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) do território do Afeganistão, depois de 19 anos de guerra.
A retirada das tropas americanas, no entanto, depende do cumprimento, pelos Talibãs, de compromissos previstos no acordo.
Os Talibãs concordaram em suspender ataques, não permitir que a rede Al-Qaeda ou qualquer outro grupo extremista opere em áreas controladas por eles e admitiram libertar vários presos.
O texto foi assinado pelo enviado especial dos Estados Unidos para a paz no Afeganistão, Zalmay Khalilzad, e pelo líder da delegação dos Talibãs, Abdul Ghani Baradar.
Antes da assinatura, em conferência de imprensa, o secretário de Estado americano Mike Pompeo, pediu aos Talibãs que cortassem os laços com a Al-Qaeda e mantivessem a luta contra o Estado Islâmico.
"Continuem comprometidos com o acordo, sentem-se com o Governo afegão e a comunidade internacional estará pronta para retribuir", sublinhou Pompeo, quem reconheceu que a paz requer "trabalho e sacrifício de todos os lados".
O chefe da diplomacia americana frisou que os Estados Unidos precisam garantir a segurança dos seus aliados e ter certeza de que não teriam mais ameaças terroristas do Afeganistão.
"Nós faremos o que for necessário para proteger o nosso povo", concluiu.
Por seu lado, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou que a Aliança apoia o acordo e está preparada para "ajustar e reduzir" a sua presença no país, mas frisou que, se a situação na região piorar o Ocidente pode voltar a aumentar sua atuação.
Num ato paralelo em Cabul, o presidente afegão, Ashraf Ghani, declarou que alguns pontos no acordo terão de ser "considerados" e serão discutidos com os Talibâs, mas acrescentou esperar que "o cessar-fogo seja permanente".
Guerra longa
A assinatura do acordo acontece após uma trégua parcial de uma semana no Afeganistão, para mostrar que os Talibãs podem controlar as suas forças.
Entretanto, as autoridades afegãs afirmaram que pelo menos 22 soldados e 14 civis morreram em ataques durante esse período.
Recorde-se que as forças armadas americanas invadiram o Afeganistão a 7 de Outubro de 2001, em resposta aos ataques de 11 de Setembro daquele ano da rede Al Qaeda, de Osama bin Laden, contra os Estados Unidos, que deixaram cerca de três mil mortos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) considera que mais de 100 mil civis foram mortos ou feridos no conflito apenas na última década.
Desde o início, os Estados Unidos gastaram cerca de um trilhão de dólares em despesas militares no Afeganistão.