Fontes dos governos americano e cubano revelaram que o Presidente Barack Obama e o seu homólogo Raúl Castro falaram por telefone na passada quarta-feira, sem adiantarem pormenores da conversa. Apesar de a Casa Branca reiterar não estar previsto nenhum encontro bilateral, fontes da Administração americana admitiram que Obama e Castro poderão interagir em algum momento da Cimeira das Américas que começou hoje no Panamá. Enquanto isso continuam as divergências sobre a aproximação entre os dois países.
À margem da cimeira, o secretário de Estado americano John Kerry reuniu-se ontem, 9, com o ministro das Relações Exteriores de Cuba Bruno Rodriguez, naquele que foi o encontro a mais alto nível entre Washington e Havana em décadas.
Um alto funcionário do Departamento de Estado disse que a conversa foi "muito construtiva" e que ambos os lados "concordaram que foram realizados progressos."
No Panamá, agentes do Governo cubano enviados por Havana entraram em confrontos nos dois últimos dias com dissidentes cubanos em frente à embaixada da ilha. O Governo do Panamá condenou os incidentes e pediu que se respeitem as leis do país.
Este é o clima em torno de um possível encontro entre Barack Obama e Raul Castro, que não está previsto, segundo a Casa Branca. Mas fontes do Governo americano admitem queos dois líderes poderão ter alguma interacção.
Ontem, na Jamaica, o Presidente Obama abordou a sua política em relação a Cuba: "Minha expectativa é que no decurso deste ano e no próximo, serão dados passos que vão construir a confiança e estabelecer um diálogo genuíno."
Obama referiu também que a sua Administração está a analisar o relatório do Departamento de Estado que propõe a retirada de Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo, mas disse aguardar a opinião dos seus assessores para tomar uma decisão.
Esta aproximação a Cuba divide os cubanos no exterior, enquanto na ilha Obama é muito bem visto. Uma sondagem revelada ontem indicava que 80 por cento dos cubanos dão nota positiva ao presidente americano, enquanto nem Fidel nem Raul Castro chega a 50 por cento dos votos.
Emil Carballoza, estudante de turismo espera que os dois países cheguem a acordo: "Eles podem chegar a um acordo porque na minha opinião as reuniões realizadas têm abordado temas realmente interessantes, como a remoção de Cuba da lista de terroristas e de violador dos direitos humanos. Mas acho que falta algo para que essas relações sejam estabilizadas”.
Na ilha comunista, existem cépticos como o taxista Ismael Dumenico que vê alguma desconfiança nessa aproximação.
"Vai ser muito difícil ter um relacionamento com uma pessoa ou um país que te acusa, que tem uma base ilegal em Guantánamo, que te acusa de ser um país terrorista, que não levanta o bloqueio e que impede os americanos de visitarem Cuba", disse Dumenico.
Recorde-se que muitos cubanos-americanos se opõem à renovação das relações diplomáticas com Havana, dizendo que daria legitimidade ao regime comunista.