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Estado da União: De um "discurso centrado" a "uma oportunidade perdida"


Presidente Joe Biden aplaudido no discurso sobre o Estado da União pela vice-presidente, Kamala Harris, e pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, 1 Março 2022
Presidente Joe Biden aplaudido no discurso sobre o Estado da União pela vice-presidente, Kamala Harris, e pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, 1 Março 2022

Menos de um dia depois de o Presidente americano ter apresentado ao Congresso o seu tradicional discurso sobre o Estado da União, uma pesquisa conduzida pela empresa SSRS a pedido da cadeia televisiva CNN conclui que cerca de 71 por cento dos americanos que assistiram o evento teve uma reacção positiva ao discurso, com cerca de 41% a reagir muito positivamente.

Outros levantamentos indicam que o discurso de Joe Biden foi bem aceite, ao assumir uma posição contra o Presidente Vladimir Putin, defender o reforço da política e apresentar as suas propostas para enfrentar a crise económica.

Estes numeros, no entanto, podem não reflectir a opinião da maior dos americanos no entender de muitos analistas que admitiram que a maioria dos eleitores republicanos não terá assistido o discurso.

“Um discurso normal, dentro da tradição americana que foi centrado”, é como Diniz Borges, professor na Universidade Estadual da Califórnia e director do Instituto Português Além Fronteiras, viu a intervenção de Biden.

Diniz Borges, professor na Universidade Estadual da Califórnia e director do Instituto Português Além Fronteiras
Diniz Borges, professor na Universidade Estadual da Califórnia e director do Instituto Português Além Fronteiras

Borges, destaca, no entanto, o facto de, pela primeira vez, num discurso sobre o Estado da União, duas mulheres, a vice-presidente e presidente do Senado, Kamala Harris, e Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, estarem atrás do Presidente, ambas do Estado da Califórnia.

Aquele analista político destaca a boa aceitação do discurso de Biden junto dos republicanos quando abordou temas “mais centrais”, como mais apoio à polícia “e não desarmar” a polícia "como defende a ala mais progressista” do seu partido.

Diniz Borges diz que discurso de Joe Biden foi "um discurso centrado" - 5:00
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Em relação à prestação do Presidente sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia, Diniz Borges, considera que Biden deu “boas explicações”, foi “moderado”, embora, reforça, “da minha parte eu gostaria de ver algo mais concreto”.

Entretanto, o professor universitário destaca o que, para ele, foi um momento de alguma divisão, quando o Presidente se referiu à política migratória e duas congressistas republicanas gritaram a pedir “muro”.

Outra leitura

Entretanto, Francisco Semião, antigo presidente da Organização Nacional de Americanos-Portugueses e independente conservador, é de opinião que Joe Biden “perdeu uma grande oportunidade de unir o país que está muito dividido”, embora considere que o discurso sobre o Estado da União foi mais “civilizado, comparado o Presidente anterior, do sr. Trump”.

Francisco Semião, antigo presidente da Organização Nacional de Americanos-Portugueses, independente
Francisco Semião, antigo presidente da Organização Nacional de Americanos-Portugueses, independente

No entanto, a política de esquerda, acrescenta Semião, tem levado o país para a “mais alta inflação dos últimos 40 anos”, com preços elevados da gasolina, e Biden não tem sabido mudar o rumo das coisas.

Francisco Semião, "uma oportunidade perdida"
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A “ausência de uma posição forte em relação às drogas e à política migratória” foi sentida no discurso de Joe Biden, acrescenta Semião que esperava também que o “Presidente apresentasse algo mais concreto” para enfrentar a guerra entre a Ucrânia e a Rússia.

Perante os aplausos dos congressistas, Biden disse que o Departamento de Justiça está a formar uma força tarefa para combater “os crimes dos oligarcas russos”.

Com os seus níveis de aprovação mais baixos desde o início da sua Presidência, Biden fez um discurso em que sublinhou os progressos feitos em conter a pandemia da Covid-19 e mesmo na economia, apesar de muitos projectos do seu programa económico terem entrado no impasse no Congresso devido à falta de apoio inclusive entre alguns Democratas.

Como seria de esperar, o Presidente frisou o rápido crescimento da economia americana, o nível mais rápido em quase 40 anos, mencionando a queda do desemprego, a melhoria de salários e o facto da vida diária do país ter voltado à quase total normalidade quase dois anos depois da pandemia da Covid-19 ter causado a pior crise económica desde a Grande Depressão.

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