O Estabelecimento Penitenciário Provincial de Nampula está a ser acusado por um grupo de residentes do bairro de Namutequeliua, nos arredores da cidade de Nampula, de ter ordenado aos reclusos para queimarem e demolirem mais de 50 casas, alegando terem sido construídas no seu terreno.
A destruição das casas, muitas delas de construção precária, teve inicio na sexta-feira, 5, de Novembro, e mais de 50 famílias desalojadas dormem ao relento.
As vítimas das demolições dizem que o terreno onde foram construídas as casas pertencia a “um cidadão estrangeiro de nome Baptista”, que faleceu.
Sem lugar para morar, elas viram na mata uma oportunidade para ter a casa própria e começaram a construir as suas habitações em 2016.
Alguns dizem ter comprado os espaços a supostos colaboradores do falecido proprietário.
Os residentes afirmam que sabiam que o terreno estava ao lado de uma área pertencente ao estabelecimento penitenciário, que, entretanto, não foi ocupada.
Eles contam que, surpreendentemente, no dia 5 chegaram agentes prisionais e dezenas de prisioneiros que, sem qualquer aviso prévio, começaram a queimar e a demolir as residências e os seus bens.
Durante o processo de demolição e queima das casas, quem tentou resistir à acção dos agentes foi ameaçado, segundo uma das desalojadas que responde pelo nome de Anifa, quem igualmente lamentou o facto de os agentes estarem a violar os seus direitos humanos “deixando inúmeras famílias com bebés há mais de cinco dias a dormir ao relent”.
“Quando anoitece não dormimos, amanhece ficamos no sol com as crianças, mal temos comida para comer, as crianças só choram e eles só estão nos a escorraçar, já destruíram e queimaram tudo que tínhamos e não sabemos como será a nossa vida daqui para diante”, desabafa Anifa.
Outra vítima critica o que considera ser mau exemplo que os agentes estão a dar aos prisioneiros, cujo comportamento eles deviam corrigir.
E questiona “como o Governo leva criminosos a cometer mais crimes? Afinal o crime é normal no nosso país?”.
Para conhecer a posição do Estabelecimento Penitenciário Provincial de Nampula, a VOA contactou a directora que, sem avançar qualquer detalhe sobre o assunto, pediu um pedido de entrevista em carta o que foi feito, mas até agora não recebemos qualquer resposta.