Quase dois meses após a greve que agitou o país, enfermeiros dos centros de hemodiálise de Benguela e do Lobito, agora com 300 pacientes, podem voltar a decretar paralisação, alegando incumprimento das autoridades no pagamento de salários.
Os mais de 100 profissionais queixam-se de três meses em atraso, mais o subsídio de Natal, numa altura em que é lançado um alerta para a escassez de medicamentos.
A moral de enfermeiros que assistem pacientes com insuficiência renal, muitos em situação crónica, continua em baixo, segundo o nefrologista Alcides Tomás, funcionário do centro de diálise de Benguela, que fala em incumprimento de promessas.
“As pessoas estão desmotivadas, na medida em que saíram entusiasmadas após as promessas. A informação de sempre é que existe um pagamento a ser processado, porém não vemos nada até agora’’, sustenta o médico, após ter sublinhado que ‘’a quadra festiva, para os profissionais, está a ser complicada’’.
Com os medicamentos no limite, os pacientes ficam expostos a vários riscos não apenas devido ao espectro de uma nova greve
“Se não tivermos o material todo, há riscos elevados de anemia e infecções. O paciente, sem o material utilizado para ligar e desligar, corre riscos grandes e a anemia evoluir para óbito’’, explica aquele técnico.
Na altura da greve, o Instituto Angolano do Rim, que coopera com a entidade privada gestora dos centros, lembrou a ‘’elevada dívida’’ do Ministério da Saúde.
À VOA, o director do Gabinete Provincial, Manuel Cabinda, diz, a propósito deste problema, que o Governo de Benguela deverá acabar com parcerias público-privadas com prejuízos para o Estado.
“É uma questão que até agora está em estudo. Se forem benéficas, vamos analisar as modalidades. Mas, sendo prejudiciais, não podemos continuar a contar com elas nas nossas unidades, daqui a alguns meses saberemos’’, realça o Cabinda.
Os centros de diálise existem há cerca de cinco anos.