O Presidente angolano criticou a comunidade internacional por usar dois pesos e duas medidas no tratamento de conflitos no mundo ao discursar na 78a. Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, na terça-feira, 20.
João Lourenço deu a entender que quando o conflito é em África, não é visto da mesma maneira de quando acontece na Europa.
Analistas angolanos dizem que esta postura não é nova e, em parte, resulta da própria postura que os lideres africanos têm assumido e que Lourenço deixou um "recado" às instituições ocidentais.
"A comunidade internacional corre o risco de ser acusada de estar a dar tratamento diferente, privilegiado ao conflito na Europa em detrimento de outros, por estarem no Médio Oriente ou em África onde o do Sudão é tão mortífero e destruidor quanto o da Ucrânia”, afirmou Lourenço que deu o exemplo do conflito do Sudão que, no seu entender, é tão mortífero e destruidor que o da Ucrânia".
"Este conflito no Sudão merece menos cobertura da media internacional e menor atenção dos grandes centros de decisão sobre a paz e segurança mundial", disse.
O professor de Relaçoes Internacionais Osvaldo Caholo considera que o Chefe de Estado angolano ao dizer isto não descobriu a pólvora.
"Soberania é um poder que não existe na ordem interna, nem superior na ordem externa, até parece que o Presidente angolano descobriu a pólvora quando são os próprios governantes africanos que se põem a jeito e são serviçais desta dita comunidade internacional", afirmou Caholo, quem considera que o Lourenço "useiro e vezeiro a usar este mesmo procedimento por cá, de dois pesos e duas medidas no tratamento da população que ele mesmo dirige".
Quem perfilha a mesma leitura é outro militar, o general na reserva Manuel Mendes de Carvalho Pacavira, para quem o Presidente angolano "faz o mesmo, usa determinadas vezes dois pesos e duas medidas sobre o mesmo assunto".
"Os demais lideres africanos são os maiores malfeitores que descriminam o seu próprio povo, eles devem ser coerentes que leiam Nkwame Nkrumah, para aprenderem a se posicionar perante estas situaçoes macabras que passamos em África, o imperialista nunca nos vai tratar como seres humanos, eles vão nos ver sempre como bichos, a única coisa que lhes interessa em África são as suas riquezas, ja Nkwame Nkrumah nos havia dito, e veja o que lhe aconteceu, quem também tentou seguir Nkrumah foi o Kadafi e o imperialismo tratou dele, esse será o quadro eterno", afirma Pacavira.
Por seu lado, o especialista em política internacional Agostinho Sikato entende que o Presidente da República sinaliza e deixa um recado às instituições ocidentais, para tratarem iguais ocorrências de forma idêntica em qualquer geografia.
"É um alerta à comunidade internacional que guerra é guerra em qualquer parte do mundo, a guerra que mata na Ucrânia mata também no Sudão, no Congo, em qualquer parte há necessidade de se prestar mais atenção e tratar por igual a todos conflitos", conclui Sikato.
Recorde-se que no seu discurso, João Lourenço foi mais longe e afirmou que "cada vez ficamos mais convencidos da existência de uma mão invisível interessada na desestabilização do nosso continente, apenas preocupada com a expansão de sua esfera de influência, que sabemos não trazer as g
arantias necessárias para o desenvolvimento económico e social dos países africanos".
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