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Especialista vê em discurso de Lourenço um "recado" à comunidade internacional


Presidente de Angola, João Lourenço, discursa na Assembleia Geral da ONU, Nova Iorque, 20 Setembro 2023
Presidente de Angola, João Lourenço, discursa na Assembleia Geral da ONU, Nova Iorque, 20 Setembro 2023

Na ONU, Presidente angolano critiou tratamento diferenciado para assuntos idênticos na Europa e na África

O Presidente angolano criticou a comunidade internacional por usar dois pesos e duas medidas no tratamento de conflitos no mundo ao discursar na 78a. Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, na terça-feira, 20.

João Lourenço deu a entender que quando o conflito é em África, não é visto da mesma maneira de quando acontece na Europa.

Analistas angolanos dizem que esta postura não é nova e, em parte, resulta da própria postura que os lideres africanos têm assumido e que Lourenço deixou um "recado" às instituições ocidentais.

Especialista vê em discurso de Lourenço na ONU "um recado" à comunidade internacional
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"A comunidade internacional corre o risco de ser acusada de estar a dar tratamento diferente, privilegiado ao conflito na Europa em detrimento de outros, por estarem no Médio Oriente ou em África onde o do Sudão é tão mortífero e destruidor quanto o da Ucrânia”, afirmou Lourenço que deu o exemplo do conflito do Sudão que, no seu entender, é tão mortífero e destruidor que o da Ucrânia".

"Este conflito no Sudão merece menos cobertura da media internacional e menor atenção dos grandes centros de decisão sobre a paz e segurança mundial", disse.

O professor de Relaçoes Internacionais Osvaldo Caholo considera que o Chefe de Estado angolano ao dizer isto não descobriu a pólvora.

"Soberania é um poder que não existe na ordem interna, nem superior na ordem externa, até parece que o Presidente angolano descobriu a pólvora quando são os próprios governantes africanos que se põem a jeito e são serviçais desta dita comunidade internacional", afirmou Caholo, quem considera que o Lourenço "useiro e vezeiro a usar este mesmo procedimento por cá, de dois pesos e duas medidas no tratamento da população que ele mesmo dirige".

Quem perfilha a mesma leitura é outro militar, o general na reserva Manuel Mendes de Carvalho Pacavira, para quem o Presidente angolano "faz o mesmo, usa determinadas vezes dois pesos e duas medidas sobre o mesmo assunto".

"Os demais lideres africanos são os maiores malfeitores que descriminam o seu próprio povo, eles devem ser coerentes que leiam Nkwame Nkrumah, para aprenderem a se posicionar perante estas situaçoes macabras que passamos em África, o imperialista nunca nos vai tratar como seres humanos, eles vão nos ver sempre como bichos, a única coisa que lhes interessa em África são as suas riquezas, ja Nkwame Nkrumah nos havia dito, e veja o que lhe aconteceu, quem também tentou seguir Nkrumah foi o Kadafi e o imperialismo tratou dele, esse será o quadro eterno", afirma Pacavira.

Por seu lado, o especialista em política internacional Agostinho Sikato entende que o Presidente da República sinaliza e deixa um recado às instituições ocidentais, para tratarem iguais ocorrências de forma idêntica em qualquer geografia.

"É um alerta à comunidade internacional que guerra é guerra em qualquer parte do mundo, a guerra que mata na Ucrânia mata também no Sudão, no Congo, em qualquer parte há necessidade de se prestar mais atenção e tratar por igual a todos conflitos", conclui Sikato.

Recorde-se que no seu discurso, João Lourenço foi mais longe e afirmou que "cada vez ficamos mais convencidos da existência de uma mão invisível interessada na desestabilização do nosso continente, apenas preocupada com a expansão de sua esfera de influência, que sabemos não trazer as g

arantias necessárias para o desenvolvimento económico e social dos países africanos".

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