Cerca de 46 milhões de pessoas vivem em situação de escravidão moderna no mundo revela um relatório da organização não governamental Walk Free Foundation, divulgado na noite desta segunda-feira, 30.
Índia, China, Paquistão, Bangladesh e Uzbequistão respodem por 58 por cento do total de “escravizados”, com a Índia largamente à cabeça, em termos absolutos, com 18,4 milhões de pessoas.
Entretanto, em termos proporcionais, a Coreia do Norte é líder, com a estimativa a indicar que uma em cada 20 pessoas esteja nessa situação num país com um milhão e 100 mil habitantes.
“Há evidência de que há cidadãos submetidos a trabalhos forçados pelo Estado, incluindo prisioneiros políticos e relatos indicam que indivíduos são forçados a trabalhar por longas horas no campo e nos sectores de construção, mineração e vestuário, com punições duras para os que não cumprem determinadas metas”, lê-se no relatório da Walk Free Foundation.
Estudos citados pela organização mostram que a pobreza e a falta de oportunidade desempenham um papel importante no aumento da vulnerabilidade à escravidão moderna.
“Eles também apontam para desigualdades sociais e estruturais mais profundas que permitem que a exploração persista, como a xenofobia, o patriarcado, as castas e as discriminações de género”, diz o documento.
O presidente da Walk Free Foundation, Andrew Forrest, afirma que “a escravidão é repugnante, mas totalmente evitável”, entretanto, ao contrário das grandes epidemias mundiais, como a malária e a Sida, “a escravidão é uma condição humana criada pela própria humanidade e é preciso acabar com ela, não permitindo que as gerações futuras cedam a essa prática hedionda.”
O fundador da ONG afirma ainda que está nas mãos de líderes de todos os segmentos mudar esse quadro e apontam o dedo aos Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Brasil, Itália, Rússia e Índia.
“Eles têm de fazer com que o mundo dos negócios preocupe-se com essa questão, exigindo, por meio de leis, foco na transparência da cadeia de produção de todos os bens e serviços importados ou vendidos nos seus países. O Brasil foi um dos primeiros líderes neste campo, pioneiro”, diz Forrest, fazendo referência à "lista suja" do trabalho escravo, que reúne empregadores flagrados utilizando mão-de-obra escrava.
O Reino Unido, que promulgou o chamado Modern Slavery Act 2015, também é citado como exemplo a ser seguido.