Jornalistas angolanos estão descontentes com o que consideram de “menosprezo” de dirigentes políticos angolanos para com os jornalistas nacionais.
Este sentimento veio de novo ao de cima após a longa entrevista que o Presidente João Lourenço concedeu ao diário britânico Financial Times e que provocou declarações de protesto de jornalistas angolanos que afirmam que isso nunca é concedido aos orgãos de informação do país.
O secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, Teixeira Cândido, considera inaceitável a postura do Presidente angolano e demais entidades públicas em relegar para segundo plano os jornalistas nacionais.
"Há aqui um complexo que resulta da nossa pequenez em primeiro lugar e da nossa história, pelo facto de termos sido colonizados por Portugal”, disse o dirigente sindical para quem por causa desse complexo “pensam que falar para jornalistas estrangeiros é um prestígio e privilégio enquanto falar para os nacionais é um favor que fazem".
O jornalista e director do Folha 8, William Tonet, entende que essa atitude “cria um certo desconforto a um órgão nacional que solicita entrevista e lhe é negado e vê no dia seguinte a mesma entidade a prestar entrevista a outro órgão estrangeiro."
Felix Miranda, jornalista e membro da Empresa de Regulação da Comunicação, considera esta atitude é um grande problema, que já vem de longa data.
Para Miranda trata-se de “um problema de complexo das entidades que negam ser abordados por jornalistas que eles menosprezam mas quando são solicitados por jornalistas estrangeiros sentem-se mais prestigiados”.
Simão Hossi, por seu lado, entende que este problema abrange também o sector da oposição.
"O engenheiro Adalberto Costa Júnior, por exemplo, depois do acórdão foi falar para STV de Moçambique, foi para o jornal o Público de Portugal enquanto órgãos como a Rádio Despertar ligada a eles e a RNA por exemplo podiam ser primeiros e só depois falar para os outros”, argumentou.