Com o assustador índice de mortalidade nos hospitais de Benguela, sem dinheiro para medicamentos e material consumível, há um problema a passar despercebido: a superlotação nas unidades sanitárias, principal reflexo de um surto de malária nunca antes visto, está a desgastar os técnicos de saúde.
Não constitui novidade que a maior parte dos hospitais está com vários pacientes numa única cama e com gente nos corredores, num indicador de uma taxa de ocupação superior às capacidades.
O aspecto menos abordado nesta crise que assola a saúde é que os enfermeiros, à semelhança do que se verifica em Luanda, estão com um volume de trabalho acima daquele que é permitido por lei.
No Hospital Municipal de Benguela, a direcção clínica tem feito recurso a jovens estagiários.
O Sindicato da Saúde, Administração Pública e Serviços, com dois mil filiados, diz que não vai cruzar os braços.
“Já fomos alertados que a demanda é muito superior à que é permitida. Em função disto, solicitámos já uma audiência com a administração do Hospital Geral de Benguela, mas o senhor administrador ainda não respondeu’’, diz à VOA Custódio Kupessala, secretário-geral do Sindicato, refere, por outro lado, que foi apresentado um caderno reivindicativo à entidade patronal.
“Neste caso, o caderno reivindicativo abrange as preocupações de funcionários de organismos do Estado, as Administrações Municipais, os hospitais e a Reinserção Social e estamos a exigir que se solucione o problema das horas extras e dos subsídios para detentores de cargos de direcção e chefia’’, acrescenta Kupessala.
Do Hospital Municipal chegam informações de que um suposto militar das Forças Armadas ameaçou com arma um técnico de saúde, depois de ter tomado conhecimento da morte de um familiar.
O cidadão, já a contas com a justiça, associou o infortúnio à fraca capacidade de resposta naquela unidade hospitalar.
Enquanto isso, Benguela imunizou já mais de 600 mil pessoas no quadro da campanha de vacinação contra a febre-amarela.